Ultimamente muitos filmes de terror estão abordando metáforas sociais e deixando de lado a ideia de tratar apenas o sobrenatural para causar medo pelo desconhecido ou tentado dar ao espectador sustinhos bobos. Novamente, a última safra desse gênero é muito boa, Corra(2017), A bruxa (2015), Hereditário (2018), Nós (2019), Fragmentado(2016).
E pegando esse embalo, O homem invisível de Leigh Whannell (já foi roteirista de Jogos Mortais e diretor de Upgrade), faz um trabalho espetacular criando um remake do clássico de 1933 só que dessa vez focando na vitima, a namorada do homem invisível, abordando o tema super atual e significativo que é ” relacionamento abusivo”.
Nesse longa Cecília, Elizabeth Moss de Mad Men e Handsmaid Tail ,tenta superar os horrores que ela viveu no passado com um namorado controlador Adrian Griffin, Oliver Jackson-Cohen, e acha que seria mais fácil tocar a vida depois de receber a noticia que ele se suicidou, porém, mesmo ela aparentemente conseguindo se distanciar dele fisicamente, psicologicamente o cientista ainda a persegue.
O roteiro utiliza várias camadas e simbolismos para passar sua mensagem, mostrando como um relacionamento abusivo consegue acabar com uma pessoa em vários aspectos. Outro ponto bem feito é que as vezes você se pega não sabendo se a moça é paranoica ou se realmente existe uma ameaça invisível. Juntamente com a trilha sonora e a fotografia, o suspense psicológico é ambientado; O clima é tenso, você fica apreensivo ao assistir e com vontade de saber o que está acontecendo e como Cecilia vai conseguir provar o que está acontecendo com ela.
Outro ponto importante a se destacar é que o roteiro recorre pouquíssimo a clichês ou jump scares, uma vez ou outra esses recursos são utilizados mas nada exagerado.
Falando de atuação, dizer que a Elizabeth Moss está atuando bem é chover no molhado, os tiques, o desespero, a forma de externalizar os traumas, os olhares, e a expressão corporal que a atriz mostra, ao mesmo tempo sendo alguém frágil mas muito forte é o que torna a escolha de tê-la como protagonista muito bem acertada.
A fotografia de Stefan Duscio é boa, na maioria das vezes ele usa planos abertos para mostrar como o “invisível” está se movimentando, e também usa planos de outros cômodos ou janelas que da uma sensação que a protagonista está sendo observada.
O homem invisível é um filmaso! E veio reafirmar que assuntos sérios também podem ser tratados fora dos gêneros mais carimbados como o drama.