As vendas de imóveis residenciais novos nas cidades de Belo Horizonte e Nova Lima cresceram 74,43% em junho, com 382 unidades, em comparação com o mês anterior, quando foram comercializados 219 apartamentos. Esse foi o segundo maior número de unidades vendidas no ano, ficando atrás somente do mês de janeiro, quando 402 unidades foram comercializadas. Também foi o segundo mês consecutivo de alta nas vendas e o melhor resultado do segundo trimestre de 2020. Os dados são do Censo do Mercado Imobiliário, realizado pela Brain Consultoria para o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), divulgado hoje.
O levantamento destaca que as vendas de junho de 2020 (382 unidades) representam incremento de 8,52% em relação a igual mês do ano anterior (352 unidades). Segundo o vice-presidente da Área Imobiliária do Sinduscon-MG, Renato Michel, o resultado do mês de junho ganha especial relevância e vem confirmar que a fase mais aguda da crise na economia brasileira pode ter ficado para trás. Também demonstra o esforço e a adaptação do segmento imobiliário em um novo tempo de distanciamento social. “As empresas estão adaptando os seus canais de vendas e estratégias com ampliação do atendimento digital, o que está contribuindo para revigorar os negócios. Também contribui para o incremento das vendas o baixo patamar da taxa de juros da economia (Selic), que direciona recursos das aplicações financeiras mais tradicionais para o segmento imobiliário. Nesse contexto, vale ressaltar a importância das atividades do setor especialmente na geração de emprego e renda, o que contribui para que o país retome as suas atividades.”, destaca Renato Michel.
Os lançamentos também cresceram e passaram de 10 unidades, em maio, para 264 em junho. Apesar da alta expressiva, pelo terceiro mês consecutivo, eles ficaram inferiores às vendas, o que proporciona a queda na oferta. O estoque de unidades novas disponíveis para comercialização passou de 3.352 unidades, em maio, para 3.234 unidades em junho, o que representou recuo de 3,52%. “O baixo patamar de unidades em oferta nos municípios de Belo Horizonte e Nova Lima fica evidenciado quando se observa a sua evolução nos últimos anos. Em junho de 2018, a oferta correspondia a 5.148 unidades e, em junho de 2020, passou para 3.234 unidades. Isso significa queda de 37,18% em apenas dois anos. Considerando a média de unidades vendidas no primeiro semestre do ano (292 unidades), a oferta disponível se esgotará em apenas 11 meses, caso não aconteça um movimento de alta acentuada nos lançamentos. Portanto, em menos de um ano, poderá vir a faltar imóveis novos para venda nas cidades de Belo Horizonte e Nova Lima”, explica o vice-presidente do Sinduscon-MG.
A consequência do baixo patamar da oferta é a alta dos preços. No primeiro semestre de 2020, os preços de apartamentos novos já sofreram alta de 2,75%, enquanto o IPCA/IBGE, indicador oficial da inflação do país, no mesmo período, aumentou 0,10%. Nos últimos 12 meses, (julho/19 a junho/20), o preço médio de apartamentos novos cresceu 5,43%, enquanto o IPCA aumentou 2,13%.
Apesar da crise econômica que tomou conta do Brasil na segunda quinzena de março e provocou a retração das atividades econômicas, com alta do desemprego, o mercado imobiliário de Belo Horizonte e Nova Lima fechou o primeiro semestre de 2020 com alta de 10,53% nas vendas. Assim, enquanto nos primeiros seis meses de 2019, foram vendidas 1.586 unidades; em iguais meses de 2020, foram comercializadas 1.753 unidades. “Certamente esse resultado não foi ainda mais expressivo em virtude do cenário econômico nacional de dificuldades.”
Os lançamentos, que, nos primeiros seis meses de 2019 totalizaram 1.145 unidades, encerraram o primeiro semestre de 2020 com 1.442 unidades, ou seja, alta de 25,94%. Apesar disso, eles continuaram inferiores às vendas, o que provocou contração da oferta. Em junho de 2019, 3.700 unidades estavam disponíveis para comercialização, enquanto em junho de 2020 esse número foi reduzido para 3.234 unidades (queda de 12,59%).
No segundo trimestre do ano, as vendas registraram queda de 14,50% em relação aos três meses anteriores. “É preciso ressaltar que esse resultado sofreu influência de abril, primeiro mês completo das medidas de enfrentamento à pandemia provocada pelo novo coronavírus e que provocou contração das atividades econômicas. Além disso, a expressiva queda nos lançamentos nesse trimestre (-61,61%) contribuiu para o menor número de vendas. Diante da fragilidade do cenário econômico, os lançamentos foram adiados e devem acontecer no segundo semestre de 2020, contribuindo para dinamizar as atividades.”
No segundo trimestre de 2020, o volume de vendas foi o dobro dos lançamentos. Assim, enquanto de abril a junho foram vendidas 808 unidades, os lançamentos totalizaram apenas 400 unidades. Renato Michel ressalta que “os resultados do mercado imobiliário do mês junho reforçam a expectativa de um segundo semestre mais dinâmico”. “Além disso, a queda da Taxa Selic, que passou de 2,25% para 2% ao ano, as expectativas menos pessimistas para a economia brasileira, a melhora nos índices de confiança, os resultados positivos nos indicadores econômicos de alguns segmentos como a indústria, os lançamentos que ficaram represados no período de abril a junho e as baixas taxas de juros nos financiamentos imobiliários são alguns dos fatores que alimentam a expectativa de um semestre mais vigoroso para o mercado.”