Quem passa pela barragem Santa Lúcia, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, deve ter percebido que ela está vazia desde a semana passada. O esvaziamento, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, foi necessário para aumentar a capacidade de armazenamento de água e evitar transbordamento e alagamentos no bairro Santa Lúcia por causa das fortes chuvas que atingem a cidade.
“Mesmo com o espelho d´água em níveis normais, a barragem tem a sua funcionalidade de amortecer as cheias do córrego Leitão, que segue seu curso sob a avenida Prudente de Morais. O esvaziamento aumenta um pouco a capacidade de retenção da água, para o caso em eventos de chuva muito intensa. Já no início do período chuvoso a barragem estava operando com o nível do espelho d´água reduzido, entretanto o esvaziamento total pode contribuir para atenuar os impactos das chuvas. Após o término do período chuvoso, o espelho d´água será restabelecido”, informou a prefeitura. A barragem tem capacidade para 100 milhões de litros d´água e o esvaziamento ocorreu no fim de semana, neste sábado (9) e domingo (10).
Na semana passada, o bairro Santa Lúcia foi um dos mais assolados pelas fortes chuvas que atingiram a cidade. Uma mulher foi arrastada pela enxurrada dentro do carro dela, na rua La Place, na última quarta-feira (6). A comerciante Margarete Rosana Costa, de 60 anos, ficou presa dentro do veículo e imagens do carro sendo levado pela enxurrada foram feitas por moradores do bairro. Apesar do prejuízo e do desespero, a mulher não ficou ferida.
O carro da irmã da comerciante também foi arrastado, mas não havia ninguém dentro dele. A rua ficou completamente alagada e teve parte do asfalto arrancado com a força da chuva. Na rua Kepler, no mesmo bairro, a força da água também danificou o asfalto e arrastou vários carros.
Quem mora no bairro, prefere que a barragem fique mesmo sem água para evitar os danos. “É claro que fica feio ver a barragem vazia assim, mas é melhor do que a gente passar por alagamentos, ter carro arrastado e todos esses danos”, considera uma moradora da região, que preferiu não se identificar.
A faxineira Ana Silva, de 32 anos, que passa pela barragem todos os dias para trabalhar também prefere a barragem mais vazia. “A gente fica com medo de alagamentos, tudo que puder fazer para evitar melhor. Eu passava por lá e via que estava ficando mais vazia, mas não sabia o motivo”, considera.
Em janeiro de 2020, a região Centro-Sul foi a mais atingida pelas chuvas em Belo Horizonte. Até esta segunda-feira (11), a Defesa Civil disse que a região já tinha somado 339,2 milímetros, ou seja, 103% do esperado para o mês de janeiro, que é de 329,1 milímetros, de acordo com a média climatológica.
Obras na barragem
A prefeitura informou que a barragem passa por manutenção todo ano durante o período de estiagem. “Em 2018 foi concluída a segunda etapa do desassoreamento da barragem, com a retirada de aproximadamente 35,1 mil m³ de sedimentos, conferindo à barragem uma capacidade de retenção de 100 milhões de litros d´água. O investimento nesse trabalho foi de R$ 1,8 milhão”, conclui o executivo.
Previsão do tempo
As chuvas que atingiram Belo Horizonte nos últimos dias devem perder força a partir desta terça-feira (12). De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as chuvas vão ficar mais fracas e com tendência a cessarem ao longo da semana.