Pelo quinto mês consecutivo, o indicador que mensura as dívidas das famílias belo-horizontinas retraiu novamente. Em dezembro, 67,1% dos consumidores da capital mineira estavam endividados, queda de 1,7 ponto percentual (p.p.) em relação ao mês anterior (68,8%). Esse é o menor resultado registrado no segundo semestre de 2020. É o que aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de Belo Horizonte, elaborada pela Fecomércio MG, com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O economista-chefe da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, explica que a queda no endividamento é um reflexo um conjunto de fatores. “Essa oscilação é comum em dezembro, uma vez que parte dos consumidores opta por antecipar as compras e efetuar os pagamentos à vista, sem parcelamento. O incremento do 13º salário e a última parcela do auxílio emergencial, certamente, contribuíram para reduzir o nível de dívidas e a inadimplência no período”, avalia.
A pesquisa mensurou ainda o percentual de inadimplentes, que manteve estabilidade no mês de dezembro, atingindo 32,3% da população de Belo Horizonte. Já o percentual de consumidores que afirmaram não ter condições de quitar a dívida alcançou 15% em dezembro.
Dentre as formas de pagamento, o cartão de crédito continua como a opção mais utilizada na capital. Ao todo, 82,5% dos consumidores usaram essa modalidade. “O cartão de crédito ainda é visto como um complemento do orçamento familiar mensal, o que é um grande risco, pois ele possui um dos maiores juros do mercado. Nesta avaliação, verificamos que ele é utilizado por 91,6% das famílias com mais de dez salários mínimos”, explica Almeida.
Outras modalidades de dívida citadas pelos entrevistados foram: carnês (13,6%), financiamento de carro (10,2%), financiamento imobiliário (9,0%), cheque especial (8,1%), crédito consignado (6,6%) e crédito pessoal (6,2%). Na capital mineira, o endividamento representa 10% da renda familiar em 75,9% dos casos, chegando a 50% do orçamento mensal para 23,4% dos entrevistados. Em média, o tempo de comprometimento da renda é de sete meses.
A Peic retrata o nível de comprometimento da renda familiar com financiamento de imóveis, carros, empréstimos, cartões de crédito, lojas e cheques pré-datados, bem como a capacidade de pagamento dos consumidores em Belo Horizonte. Para elaborar a pesquisa de novembro, foram entrevistadas mil famílias residentes na capital mineira. A margem de erro da Peic, realizada nos últimos dez dias de outubro, é de 3,5%, e o nível de confiança é de 95%.