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Superação: ex-educandos do Instituto BH Futuro contam suas experiências de crescimento

    O ano de 2020 foi marcado pela pandemia da Covid-19, alterando o cenário mundial e trazendo muita insegurança. “Foi difícil manter o funcionamento pleno de projetos sociais. Principalmente pela necessidade de parar atividades presenciais”, reflete Maíra Matos, coordenadora de projetos do Instituto BH Futuro.

    Porém, a coordenadora reflete que a existência de programas sociais é essencial para desenvolvimento da sociedade como um todo. “Através desses programas, muitas crianças e jovens descobrem e desenvolvem novas paixões, gerando cada vez mais oportunidades”, ressalta.

    O jovem estudante de Direito, Gustavo Melo, de 24 anos, é um dos profissionais que referendam a observação da coordenadora. “O programa, para mim, representa oportunidade, por me fazer utilizar dos recursos oferecidos e chegar aonde estou hoje”. Ele, assim como mais de 15 mil crianças e jovens, foi um dos beneficiários do IBHF.

    A instituição promove oficinas gratuitas em muitas áreas, como dança, teatro, artes marciais e esportes, assim como outros projetos que buscam incentivar a profissionalização dos atendidos. A iniciativa busca, ainda, propor uma nova realidade, para além da insegurança e violência das ruas.

    “O IBHF foi o principal responsável por quem eu sou hoje. Lá, eu descobri possibilidades que mudaram completamente o rumo da minha vida. Conheci a arte, cultura no geral e tive contato com pessoas que até hoje somam comigo em diversos projetos”, conta o ator Pablo Xavier, de 20 anos.

    Pablo relata que o que aprendeu foi além da sala de aula, transformando-se em lições reais de vida. “Foi no Instituto que eu descobri o que eu queria seguir como profissão e pude entender que não seria fácil, devido a fatores sociais, de raça e de sexualidade, já que os mestres que eu tive lá sempre conversavam conosco. Eu fui um dos muitos jovens que pararam de ter vergonha de falar que mora em favela e passaram a reconhecer o próprio território como lugar de cultura, de vida, de lazer e empreendedorismo”, conta o jovem.

    Gustavo também tem orgulho de seus aprendizados. “Aprendi a ter disciplina e comprometimento. Isso fez com que eu superasse a timidez, melhorasse o trabalho em grupo, aproveitasse mais a vida de forma responsável e entendesse que podemos ser o que quisermos ser”.

    A transformação social na comunidade também orgulha os jovens. “O que chega para gente como informação é a visão da favela como lugar da violência. Mas, o que o IBHF constrói é justamente o oposto, nos reconhecendo enquanto sujeitos capazes de protagonismo e liderança em qualquer campo que quisermos atuar”, afirma Pablo.

    Ambos avaliam que suas conquistas profissionais e educacionais se devem pelo apoio e desenvolvimento nos tempos de Instituto BH Futuro. “Hoje estou estudando na PUC Minas, no sexto período de Direito. Conheci a universidade através do projeto, pois era lá que praticávamos as modalidades olímpicas”, diz Gustavo.

    Já Pablo decidiu seguir carreira no meio artístico. “Minha infância e adolescência foi muito rica graças às atividades que eu fazia no instituto. De lá eu fui aprovado em 1º lugar no curso básico de teatro do Palácio das Artes. Três anos depois, estou no curso técnico, em processo de formatura nesse momento. Isso é muito valioso para mim, pois descobri que gostava de teatro no BH Futuro”, conta ele. “E foi com a ajuda das educadoras de lá – Cris do teatro e Katia do Ballet – que descobri o curso do Palácio das Artes”, anuncia emocionado.

    O jovem também agradece pelas conquistas pessoais. “Aos 18 anos conquistei o sonho da casa própria vivendo apenas de arte e agora, aos 20, sigo vivendo de arte periférica, produzindo e fomentando cultura de dentro do aglomerado. Eu posso dizer que estou vivendo um sonho que foi construído na minha adolescência, dentro do IBHF”.

    Porém ele não parou. Pablo continua se envolvendo em projetos sociais. “Hoje, além de formando da melhor escola técnica de artes de Minas Gerais, eu sou gestor cultural do Grupo Identidade, um grupo de danças urbanas que nasceu das amizades que fiz dentro do instituto. No Identidade, eu sigo aprovando projetos culturais na esfera municipal e estadual. Além disso, tenho prestado assessoria em escrita e gestão de projetos para outros artistas e grupos do Aglomerado da Serra”, ressalta.

    Gustavo também se envolve com projetos sociais e continua apoiando-os. “Eu sempre vou me orgulhar e agradecer pelos projetos sociais dentro de comunidade, sendo o atual IBHF um desses. Eu sempre recomendei e vou continuar até que me provem do contrário. Sou prova viva desse projeto, sendo espelho para outros e dizendo que só sou quem sou hoje, graças a eles”, conclui.

    A recomendação do Instituto também é real para Pablo. “Acredito muito no trabalho que é feito pelas pessoas do instituto e tenho na minha experiência de vida que essas ações mudam a realidade de muitas pessoas dentro do Aglomerado da Serra. Sempre recomendo as oficinas deles para crianças e adolescentes que precisam desse apoio para acharem seu caminho”.

    A coordenadora de projetos, Maíra Matos, se alegra com o depoimento dos jovens. “É gratificante ver o crescimento e transformação deles dentro do projeto. Ver o quanto esses meninos se esforçam e se dedicam em suas áreas e saber que ajudamos um pouquinho nisso, faz tudo valer a pena”, finaliza.

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