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TAU – Território Arte Urbana 2022: execução das obras começa no dia 22 de julho, nos bairros Santa Tereza e Horto, em Belo Horizonte

    Começa no dia 22 de julho a execução das obras da 3ª edição do TAU – Território Arte Urbana, mostra de intervenções de artes urbanas que acontecerá nas fachadas e vitrines comerciais dos bairros Santa Tereza e Horto, na Região Leste de Belo Horizonte. Nesta edição, que vai até 31 de julho, foram selecionados pelas artistas visuais Karina Felipe e Sol Kuaray 12 artistas individuais e um coletivo, somando 15 artistas de Belo Horizonte, Contagem e São Paulo que vão realizar trabalhos de diferentes  linguagens e suportes como pintura, graffiti, instalação, escultura, lambe-lambe, stencil e muralismo.

     

    Esta edição do TAU, além de incluir duas praças e um centro cultural em sua lista de espaços que serão ocupados pelo projeto, também dará continuidade às intervenções no muro, que serão realizadas na Vila Dias, na parte baixa de Santa Tereza, próximo à Casa Circo Gamarra, trazendo discursos relevantes para o momento em que vivemos sempre unidos à beleza e encantamento que a arte provoca.

     

    Ao todo, serão produzidas 13 obras em oito espaços distintos (fachadas e vitrines comerciais, Praça Duque de Caxias e Bosque do Chico), formando um circuito pelas ruas dos bairros, culminando na Vila Dias na Rua Conselheiro Rocha, onde acontecerão mais seis obras no Muro da Associação Esportiva Santa Tereza (AEST), conhecido como Muro da Vila Dias. Os trabalhos ficarão expostos para visitação de 31 de julho a 11 de setembro.

     

    Os artistas que realizarão as intervenções visuais nas fachadas de bares e comércios dos bairros e no Muro da Vila Dias são por Bárbara Macedo (BH), Code2pixels (BH), Daniela Moser (Contagem), Dniel (BH), Dyana Santos (Contagem), Gabriela Forjaz (SP), Gabriel Nast (BH), kiD AzucrinA! (BH), Marcel Diogo (Contagem), Portacopo – Práticas da Arquitetura (BH), Sérgio Augusto Medeiros (BH), Zi Reis (Contagem) e Yanaki Herrera (BH/Peru).

    A programação da 3ª edição do festival contará com a realização das obras ao vivo pelas ruas dos bairros Santa Tereza e Horto durante os sete dias de evento e com atividades como Oficina de pintura “Sonhos de Garatuja” com os artistas Caio Ronin e Ártemis Garrido no muro destinada às crianças da Vila Dias; Futebol feminino com o time da Vila; Exposição digital “Consciência: Memória Conceptual”, de Lila Luján (México), no muro da Casa Circo Gamarra; além de visita guiada com tradutora de libras acompanhando todo o percurso das obras.

    No dia 31 de julho, acontecerá o Evento de encerramento na Rua Conselheiro Rocha (altura Vila Dias), com diversas atividades como “Feira de Artistas Imigrantes”, realizada pelo Coletivo CRIA junto com a Casa Circo Gamarra; apresentação de “Roller Dance” com grupo BEAGASQUAD; espetáculo “O Pequeno Grande Circo do Pinico!”, que mistura linguagens como música, teatro e circo; DJ Pinikdelik, que une a discotecagem com o malabarismo por meio de uma performance interativa; “Belina Orkestar”, criada a partir da paixão de seus integrantes pela cultura balkan, suas fanfarras e canções tradicionais romanis; e “Cabaré Circo Gamarra!”, com apresentação de números circenses com artistas convidados pelo anfitrião Diego Gamarra.

    A curadoria da 3ª edição do TAU teve o cuidado em trazer um recorte expográfico que contempla a diversidade tanto de corpas, temáticas e técnicas quanto de linguagem artística visual a fim de deixar os espaços com uma produção de arte contemporânea em um viés inovador e interativo, contemplando uma perspectiva política e poética. “A seleção foi feita de forma coletiva e, ao final, foram abordados temas como as mortes causadas pela Covid, a violência contra corpos negros e dissidentes, a igualdade de gênero, temáticas feministas, tecnológicas e a produção de propostas interativas e instalacionais desde o Muro da Vila Dias”, explica Sol Kuaray.

    De acordo com Karina Felipe, além das reflexões sobre violências raciais e de gênero, “o TAU 2022 fará homenagens às invisibilidades, tão importantes de estarem nas ruas, dito em arte. Também, em poesia, retratos do cotidiano e obras que convidam a comunidade a fazer parte.  De tudo, muito colorido para o bairro Santa Tereza e, principalmente, para a Vila Dias”.

    Sobre o TAU 2022

    Em 2022, o TAU – Território Arte Urbana tem em seu horizonte trabalhos que se relacionam com a cidade, com os espaços de intervenção e a comunidade do entorno, com um olhar atento às possíveis invisibilidades e particularidades das obras e dos artistas no seu processo natural, coletivo e individual. “Como comprometimento social e cultural, o TAU busca promover um espaço para que artistas possam experimentar e desenvolver trabalhos de forma livre, fluida e processual, oferecendo a eles novos desafios e fomentando a reflexão sobre a arte na rua e a utilização do espaço público. Além disso, o festival visa proporcionar aos moradores e visitantes dos bairros a possibilidade de desfrutarem de um circuito de obras, bem como uma troca com os artistas, colocando-os em contato direto com a arte contemporânea da capital mineira e do país”, diz Gisele Milagres, produtora e idealizadora do projeto.

    Idealizado e realizado pela Mercê Soluções Culturais, o TAU 2022 é viabilizado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte (Projeto 0109/2020), com patrocínio da Avenue Code. O projeto conta com apoio da Coral e do IEBT, e tem como parceiros MIS Cine Santa Tereza, Santa Tereza Tem, Regional Leste e Diretoria de Patrimônio Cultural e Arquivo Público de Belo Horizonte.

    Sobre os artistas e espaços

    No Bar dos Amigos, Code2pixels realizará, em pintura stencil, o projeto “Do Código à Fachada”, mesclando elementos da arte abstrata generativa com processos colaborativos e participativos. O artista vai colorir o espaço com uma paleta de cor específica, utilizando padrões geométricos e permitindo ao público determinar a ordem final em que esses elementos serão pintados. Na Barbearia Barber King, Dniel fará uma pintura baseada em uma composição que integra figuras humanas e elementos da paisagem urbana como uma espécie de cena do cotidiano. A obra evidencia tanto o caráter naturalista das figuras, mantendo proporções e tratamento de luz e sombra, quanto as características da pintura.

    A paulistana Gabriela Forjaz prepara, para a Eskina do Colombo, um mural em pintura spray sobre a teoria da relatividade segundo o TAO, filosofia tradicional e região chinesa. O desenho escolhido para a proposta foi o “pleno e o vazio”, que abordam conceitos do TAO e será dividido em duas partes opostas e complementares. Gabriel Nast produzirá, na fachada do Bar do Chico, o trabalho “O Peregrino”, composto por pintura e objetos que salientam, na figura retratada, seu ar de mistério, suas roupas, ferramentas e símbolos. A ideia é trazer uma reflexão sobre o fato de que, como tudo no mundo é uma troca, o homem que sabe levar e trazer eleva-se e constrói.

    A artista Yanaki Herrera (Peru/BH) presenteará a Casa Circo Gamarra o trabalho em técnica de lambe-lambe “Que no Callen las Madres”, um projeto composto por imagens que retratam mulheres-mães mascaradas acompanhadas de frases que possuem a capacidade imperativa fazer o público refletir sobre as violências que atravessam estas mulheres. As cores e o lettering da obra são inspirados nos cartazes chicha que surgiram nos anos 70 no Peru.

    Entre os seis artistas que farão intervenções de muralismo, escultura e instalação no Muro da Vila Dias estão Bárbara Macedo, que desenvolverá a pintura “Transcentralidade”, seguindo a cosmologia dos Bakongo. A obra é uma homenagem às suas transcestrais (ancestrais travestis) Anyky Lima, Rhany Mercês e Cintura-Fina, três figuras de extrema importância no combate ao preconceito em Belo Horizonte. A ideia é lembrá-las não por índices de violência, mas sim por sua força e resistência. Daniela Moser, por sua vez, desenvolverá a obra “Cartografia do Corpo”, um experimento de fotografar anônimos no espaço urbano e desenhar sobre os contornos e as curvas dessas pessoas, possibilitando reflexões sobre a mistura que constitui a vida urbana e as diferenças que marcam as relações entre os corpos.

    kiD AzucrinA! pintará, na técnica grapixo, estética familiar na comunidade da Vila Dias, a obra “Mamífera”, que retrata uma mãe com um bebê no colo junto da palavra “mamífera”. A proposta é refletir sobre o fato de que toda mãe é uma super força da natureza, uma vez que “humanos são bichos e somos todos parte da natureza e não inimigos dela”. Já o artista Marcel Diogo criará a instalação “Nem tudo que vai para parede é arte”, composta por um objeto corpóreo construído com diversos materiais como fitas plásticas, jornais e tecidos. Enquanto proposta artística, a instalação pretende suscitar reflexões sobre as violências de Estado impostas sobre determinados corpos, sobretudo as brutalidades racistas empreendidas pelas polícias às populações negras.

    O coletivo Portacopo – Práticas de Arquitetura vai intervir com o trabalho “Xovê”, que reutiliza tubos e conexões de PVC da intervenção “Câmbio”, realizada em 2019. Considerando as infinitas possibilidades de montagem, o coletivo desenvolverá um objeto composto por um conjunto de segmentos similares aos periscópios que pretendem transpor o longo trecho de barreira da Conselheiro Rocha através da interação e da ativação da imaginação sobre o outro lado do muro. Para finalizar, a artista Zi Reis fará o painel “Desejo e Fé”, uma homenagem à sua avó Maria Monteiro, vítima de Covid-19, e também a todas as famílias que perderam algum ente querido nesta pandemia. O trabalho evoca os ensinamentos e os segredos transmitidos aos descendentes pela figura materna e suas mãos que benzem, contam estórias e embalam e criam meninos.

     

    Intervenções na Praça Duque de Caxias e no Bosque do Chico

    A artista Dyana Santos fará, no Bosque do Chico (Rua Conselheiro Rocha, 1605), uma instalação composta por duas esculturas em chapas de aço oxidadas e bordadas com motivos florais em ponto cruz a partir de fios náuticos coloridos, cujas formas se assemelham ao formato anatômico de casulos de borboletas ou mariposas. Ao trazer para o espaço urbano um ornamento têxtil normalmente feito por mulheres para enfeitarem seus lares, estas “crisálidas” buscam sugerir tanto mensagens de transformação como de afeto.

    Sérgio Augusto Medeiros, por sua vez, levará para a Praça Duque de Caxias a obra “Labirinto 2022”, uma construção de entradas incertas e dificultosas para encontrar a saída, compostas por caminhos que atrapalham a própria orientação espacial. Como o labirinto é constituído pelo conjunto de percursos com a intenção de desorientar a direção, a instalação propõe um estudo dos sinais que guiam direções imaginativas.

    Veja a mini-bio dos artistas selecionados no arquivo anexo

    Projeto Iluminando o Patrimônio Social

    TAU – Território Arte Urbana traz, ainda, mais novidades nesta edição. Em uma mistura de arte urbana, arquitetura, tecnologia e patrimônio social, o projeto Iluminado o Patrimônio Social vai iluminar cinco espaços do bairro Santa Tereza em um painel artístico radiante com o intuito de valorizar a arquitetura e trazer um pouco de poesia para o espaço público. A ideia é que a ação destaque a beleza de cada um dos espaços, enaltecendo a luz como uma metáfora para o conhecimento, a criatividade e o afeto.

    “Este ano o TAU traz, em sua proposta, um olhar para o patrimônio social, oferecendo uma perspectiva afetuosa para a arquitetura do bairro Santa Tereza. A proposta tem como iniciativa iluminar alguns prédios do bairro, chamando a atenção para essas edificações. Foram realizadas entrevistas com pessoas ligadas a estes imóveis, contando histórias curiosas e carinhosas sobre cada um dos espaços. Em cada prédio será colocada uma placa com QRcode que direcionará o público para os vídeos das entrevistas, permitindo o acesso aos conteúdos e promovendo uma outra perspectiva sob o patrimônio material de cada imóvel”, explica Gisele Milagres.

     

    Um dos locais que receberá a iluminação é a Igreja de Santa Teresa e Santa Teresinha, um templo em estilo neocolonial projetado por João de Almeida Ferber (1898-1971), natural de São João del-Rei (MG), que seguiu as linhas das igrejas Nossa Senhora do Carmo e São Francisco de Assis, joias barrocas da terra natal do arquiteto. Recentemente, a igreja, que em 2021 completou 90 anos do início da edificação e que tem como titular o padre Célio Xavier, foi tombada como patrimônio cultural de Belo Horizonte. Um dos pontos importantes do tombamento da paróquia é a interação do templo com a praça Duque de Caxias e a comunidade do entorno.

    Outra edificação que será iluminada é o Cine Santa Tereza, projeto em estilo art déco assinado pelo renomado arquiteto Rafaello Berti (1900 – 972). Construído entre os anos de 1943 e 1944, o prédio caracteriza-se pelo geometrismo e simetria, apresentando frisos horizontais, verticais e uma saliência arredondada na parte superior. No dia 12 de fevereiro de 1980, o Cine Santa Tereza fechou as portas, assim como todos os cinemas de rua de Belo Horizonte. Depois disso, o espaço foi usado como casa de shows e eventos como Santa Tereza Cine Show, Casablanca, Fábrika de Macarrão e a Trash, que parou de funcionar no final da década de 90. Por reivindicação e pressão de um grupo de moradores, a prefeitura adquiriu o imóvel, que ficou fechado por uns 20 anos, só reabrindo, algumas vezes, para a realização anual da Mostra Cine BH. Atualmente, o Cine Santa Tereza é um equipamento cultural da Fundação Municipal de Cultura dedicado à democratização do acesso ao cinema e ao audiovisual na cidade que oferece, gratuitamente, uma programação de cinema variada, com filmes nacionais e internacionais, além de exposições, ações artísticas e educativas.

    O Le Banquet da Loucura é um espaço que mistura gastronomia, música e arte. Localizado em um casarão antigo situado na Praça Duque de Caxias que recebeu o projeto de Will Lobato, o local é decorado com pinturas e itens vintage e elementos contemporâneos. No Le Banquet da Loucura acontece uma agenda de shows semanais que vão desde DJs a apresentações de voz e violão e rodas de samba. O cardápio é assinado pela chef Maryangela Gusmão e apresenta inspirações na culinária brasileira nordestina, com opções de acarajé, camarão e peixe, além de uma carta de cocktails autorais da loucura elaborada pela mixologista Júlia Cendón.

    Já o Circus Arte e Gastronomia, situado na rua Hermilio Alves, 437, é um espaço de cultura, conhecimento e arte que chegou a Santa Tereza sob as bandeiras do circo e da gastronomia. O espaço funciona de quarta a domingo com apresentações, oficinas, feiras e comes e bebes. Vale a pena dar uma passadinha lá, comer algo e saber sobre a programação.

    O último espaço a receber iluminação pelo projeto TAU – Território Arte Urbana é a Casa do Seu João de Deus, na rua Mármore, 41, em Santa Tereza. Seu João de Deus é um personagem que se predispôs a nos contar um pouco de sua casa, trazendo uma perspectiva de algo muito corriqueiro no bairro de Santa Tereza que são os fundos das casas que escondem segredos e histórias. Além de apresentar ao público detalhes como o quintal repleto de plantas bem cuidadas, a iniciativa vai permitir trazer para fora o que se esconde nos barracões de Santa Tereza.

    Circuito TAU 2022  3ª Edição

    Bar do Chico – Rua Conselheiro Rocha,1605, Santa Tereza

    Barbearia Barber King – Rua Mármore, 91, Santa Tereza

    Bar dos Amigos – Rua Pouso Alegre, 2913, Loja A, Horto

    Bosque do Chico – Rua Conselheiro Rocha, 1605, Santa Tereza

    Casa Circo Gamarra – Rua Conselheiro Rocha, 1513, Santa Tereza

    Eskina do Colombo – Rua Mármore, 418, Santa Tereza

    Praça Duque de Caxias – Localizada no cruzamento das ruas Mármore, Estrela do Sul e Tenente Vitorino, Santa Tereza

    Muro da Vila Dias – Associação Esportiva Santa Tereza (AEST) – Rua Conselheiro Rocha, 1605, Santa Tereza

    Projeto Iluminando o Patrimônio Social

    Casa do Seu João de Deus – Rua Mármore 41 A, Santa Tereza

    Cine Santa Tereza – Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza

    Circus Arte e Gastronomia – Rua Hermílio Alves, 437, Santa Tereza

    Le Banquet da Loucura – Praça Duque de Caxias, 316/322, Santa Tereza

    Paróquia de Santa Teresa e Santa Teresinha – Praça Duque de Caxias, 200, Santa Tereza

     

    SERVIÇO TAU – Território Arte Urbana

    Execução das obras: 22 a 31 de julho

    Mostra aberta ao público: 31 de julho a 11 de setembro

    Instagram: @territorioarteurbana

    Facebook: https://www.facebook.com/tauterritorioarteurbana

    Mais informações no site: www.territorioarteurbana.com.br

    *Gratuito

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