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Agosto Dourado – Amamentação pode reduzir em até 13% a mortalidade em crianças menores de cinco anos

    “É o melhor alimento que posso dar para minha filha”. Pensando dessa forma que Thaísa Brunelli, mãe de Maria Liz, de apenas três meses de idade, se fortalece para a tarefa de amamentar. A pequena está mamando de duas em duas horas, como é recomendado nos primeiros meses de vida. “É uma dedicação de mãe, que faço com muito amor e vejo o quanto é importante para a saúde dela”, enfatiza.

    Imagem: Internet

    Essa é a primeira vez que Brunelli amamenta. O primeiro filho João, de 9 anos, é adotivo e chegou na vida dela e do marido Rubens quando tinha seis meses e já com o desmame. Quando ficou grávida de Maria Liz, a gestora não teve dúvidas de que iria fazer de tudo para amamentá-la. Ela enfrentou o descrédito de pessoas que achavam que ela não teria leite o suficiente, já que passou por uma cirurgia bariátrica. Para dificultar, a filha de Brunelli nasceu com baixo peso e um problema na bochecha que dificulta a sucção.

    “Muitos diziam que ela estava abaixo do peso porque meu leite era fraco, não a sustentava. Mas eu não desisti, conversei com especialistas e vi que, sim, era possível. Hoje sabemos que a amamentação tem sido essencial para o ganho de peso dela”, conta feliz.

    No Brasil, o número da amamentação exclusiva tem crescido nos últimos anos, mas essa taxa ainda está abaixo da estipulada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Atualmente, esse índice está em 45,8% no país.  A meta é atingir 70% dos bebês de até seis meses recebendo leite exclusivamente da mãe.

    Segundo dados da OMS e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de seis milhões de vidas são salvas por ano devido ao aumento das taxas de amamentação exclusiva até o sexto mês de idade. A amamentação pode reduzir em até 13% a mortalidade em crianças menores de cinco anos.

    O leite materno é considerado a base da vida. É por isso que a campanha de conscientização para a importância do aleitamento materno no mês de agosto recebeu a cor dourada.

    Mamar é tudo o que a criança necessita até os seis meses. Não é necessário dar água nem chá, por exemplo. Depois dos seis meses, é preciso complementar a amamentação com a introdução alimentar, mas o leite continua fazendo seu papel e deve ser mantido, pelo menos, até os dois anos.

    A amamentação exclusiva até os seis meses traz inúmeros benefícios para mãe e bebê, conforme explica a pediatra da Fundação São Francisco Xavier, Vanessa Menezes Azevedo. “O leite materno combate à desnutrição, aumenta a imunidade, fortalece o vínculo com a mãe e protege as crianças de várias doenças. Ele é responsável pelo desenvolvimento mais saudável do bebê. Além disso, pesquisas relatam que quem mama pelo menos até os seis meses cresce mais inteligente”.

    Desafios

    O acompanhamento médico e a busca por informações fazem toda a diferença para tranquilizar as mulheres sobre a amamentação. “O desafio que temos no Brasil é cultural. Vivemos a cultura do desmame precoce por vários motivos. É comum as pessoas acharem que o leite está fraco e que não sustenta, mas isso não é verdade. Cada gota é essencial para o bebê”, reforça a pediatra.

    Outro grande desafio, segundo a médica, é que muitas mães desistem de amamentar devido à dificuldade enfrentada na hora da pega no peito. É comum algumas relatarem dores. “O que vai melhorar a dor é a mãe conseguir fazer o neném pegar o peito direito. A própria sucção e a pega correta vai ser a principal maneira de formar o bico do seio e evitar a dor. Por isso é tão importante fazer o pré-natal e tirar dúvidas sobre amamentação ou mesmo buscar informações ainda no hospital com as enfermeiras, que estão sempre dispostas a ajudar. Existem também profissionais especializadas nessa consultoria às mães”.

    Volta ao Trabalho

    O retorno ao trabalho é outra preocupação das mães que amamentam seus filhos. O recomendado é iniciar o armazenamento de leite quinze dias antes da volta às atividades profissionais. A mulher deve congelar o leite no freezer. Também é indicado que a mãe, se possível, retire o leite no ambiente de trabalho para evitar que ele fique empedrado e haja diminuição do leite, já que é a sucção que estimula a produção. Ao voltar para a casa, a mãe também deve retirar o leite e manter o armazenamento.

    Rede de Apoio

    Para a pediatra Vanessa Menezes Azevedo uma rede de apoio para a mãe durante o período de amamentação é fundamental para que ela possa ter dedicação exclusiva nos primeiros seis meses. “Temos que ressaltar o papel do pai, da avó ou de quem esteja ao lado dessa mãe para apoiá-la na tarefa de amamentar. Essa pessoa pode ajudar a cuidar do bebê para que ela tire um cochilo, tome um banho tranquila e consiga cuidar dela mesma. Estamos falando de uma etapa da vida da mulher que não é fácil e que gera inúmeras inseguranças e estresse. Tornar o ambiente mais tranquilo é essencial para a qualidade de vida de todos e para um processo de amamentação saudável”, conclui.

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