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Cinco cidades brasileiras famosas com seus cassinos

    O último fato, aquele que colocou os cassinos brasileiros na clandestinidade, proibindo-os, foi o decreto do então presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, no longínquo ano de 1946. Contam que o presidente teria sido influenciado pela esposa que, contrária aos jogos de azar, insistiu na proibição, mesmo que 20bet não confirme. 

    Antes disso, porém, os cassinos viveram dias de glória, e muitas cidades brasileiras tiveram seus santuários de diversão. Vamos aqui falar de cinco cidades: Rio de Janeiro, São Paulo, Guarujá, Santos e Poços de Caldas. 

    Instalado em um prédio de 1922, o Cassino da Urca funcionou entre os anos de 1933 e 1946. Artistas renomados fizeram grandes apresentações por lá, entre eles, Grande Otelo, Dick Farney, Dalva de Oliveira, Ary Barroso, Josephine Baker e as irmãs Carmen e Aurora Miranda. Com a proibição dos jogos de azar e o consequente fechamento do cassino, o prédio ficou desocupado por muitos anos, só em 1954 foi comprado pelos Diários Associados, e posteriormente adaptado para receber os estúdios da extinta TV Tupi. Com o encerramento das atividades da TV Tupi, em 1980, mais uma vez o prédio foi abandonado. Recuperado pelo Instituto Europeo di Design, é sua sede brasileira desde 2013.

    Na antiga Ladeira São João, no centro paulistano, funcionou entre 1901 e 1914, o Cassino Paulista. Frequentado, principalmente pela classe média local, durante o período em que esteve funcionando, difundiu muitos artistas da época. Espetáculos e exposições de artes plásticas eram usuais. Eram frequentes espetáculos internacionais de Can-Can francês que, então, vivia seu auge. Em 1914, o prédio sofreu um grande incêndio que atingiu, também, o Bijou Café e Bijou Theatre, e os três prédios tiveram que ser, infelizmente, demolidos. 

    O litoral paulista abrigou famosos cassinos, entre eles o Cassino de Monte Serrat, o Cassino do Recreio Miramar, ambos na cidade de Santos, e o Cassino Grande Hotel La Plage, no Guarujá. O Cassino Monte Serrat foi inaugurado em 1927 em meio a muita pompa e glamour. O local foi frequentado pela nata da sociedade paulista até 1946. Um fato bastante curioso diz respeito à imensa escadaria de acesso, quatrocentos e dois degraus que poucos ousaram superar, dando preferência ao bondinho que até hoje sobe e desce bem ao lado. As poucos e privilegiados que preferiram ou preferem a escadaria, catorze nichos ao longo da subida reproduzem as cenas da Via Sacra. Dentre as estrelas que frequentavam o Monte Serrat, destacam-se, Francisco Alves, Sílvio Caldas e Carmen Miranda.

    O Cassino do Recreio Miramar foi inaugurado em 12 de janeiro de 1896, localizado na Avenida Conselheiro Nébias, na praia do Boqueirão, onde funcionou até 1940. O Miramar entrou para a história como o “Palácio Dourado”, dada as cores da sua fachada. Na verdade, o prédio abrigava um complexo constituído por salão de festas, que durantes anos realizou os melhores bailes de carnaval da baixada santista, hotel, cinema – a primeira exibição de cinema da cidade de Santos, ocorreu no Miramar, em 1897, um teatro ao ar livre e um orquidário.

    O Cassino Grande Hotel La Plage, praia de Pitangueiras no Guarujá, tem mais história do que qualquer cassino brasileiro, e não propriamente ligada aos jogos ou à diversão proporcionada pelos espetáculos, mas a uma certa maldição que parece pairar por lá. Em 1911, o milionário norte-americano, Percival Farquhar, compra um antigo hotel, manda demolir e contrata ninguém menos que Ramos de Azevedo para edificar o novo complexo. Já em 1913, o primeiro dos eventos anormais, o ex-presidente da República, Campos Salles, morre repentinamente, vitimado por uma embolia pulmonar, no quarto de número 44 do La Plage, Quinze anos mais tarde, 1928, o próprio Ramos de Azevedo morreria no mesmo quarto, de forma misteriosa. Satisfeitos? Em 1932, o grande aeronauta e inventor brasileiro, Alberto Santos Dumont, se enforcaria no fatídico quarto 44. Muitos afirmam que, na verdade, teria ocorrido um assassinato decorrente de homofobia. 

    Inaugurado em 1923, com um sucesso estrondoso, o Cassino do Copacabana Palace enfrenta suas primeiras dificuldades já em 1924, quando o governo de Arthur Bernardes tenta cassar sua licença de operação. Tal batalha jurídica ganha contornos épicos que dura, praticamente, 10 anos, quando o proprietário do complexo, Otávio Guinle, finalmente vence a peleja. O hotel e seu cassino foram essenciais para a consolidação da fama do bairro de Copacabana nas décadas seguintes.

    Na cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais, o Palace Cassino reinou absoluto desde a década de 1930, quando foi inaugurado. O Palace fazia parte de um ambicioso conjunto arquitetônico composto por um luxuoso hotel e pelas Termas Antônio Carlos, cujo intento era transformar a cidade na maior estância hidromineral brasileira, e conseguiu. O cassino existiu até a proibição dos jogos no Brasil, mas o complexo se notabilizou por décadas, tornando-se Patrimônio Histórico e Arquitetônico de Poços de Caldas. À época, a cidade mineira ficou conhecida como a “Las Vegas brasileira”. Problemas de gestão levaram ao fechamento do complexo, contudo, a partir de 2014, voltou a funcionar sob administração pública.

    Os cassinos e suas histórias de diversão, muito luxo e fatos estranhos não faltam. Quem sabe, algum dia, os jogos voltem à legalidade e novas histórias aconteçam entre mesas, roletas e espetáculos. 

     

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