A campanha Novembro Azul traz um alerta sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata, tipo mais comum de câncer entre homens e o segundo em mortalidade, e levanta um debate sobre o comportamento do homem em relação aos cuidados com a saúde.
Uma pesquisa divulgada no ano passado pelo Instituto Lado a Lado pela Vida apontou que 62% dos brasileiros só procuram um médico quando apresentam sintomas insuportáveis. A pesquisa entrevistou 1.800 homens de idade entre 18 e 65 anos no Brasil, Colômbia e Argentina. Dentre os demais países latino-americanos, o índice de homens que procuram médico somente quando a dor aperta é ainda maior, mais de 70%, ou seja, 7 a cada 10 entrevistados.
O urologista da operadora de planos de saúde Usisaúde, administrada pela Fundação São Francisco Xavier, Renato Ribeiro Cunha, explica que o Novembro Azul foi criado no Brasil com o intuito de estimular uma mudança cultural de visitas dos homens aos médicos. “A abordagem é centrada no câncer de próstata, mas foi ampliada para conscientizar e chamar a atenção sobre a importância dos cuidados com a saúde masculina na sua integralidade”.
O urologista destaca, ainda, que o homem não é ensinado igual a mulher a ir ao médico desde cedo, já que estas são levadas pelas mães ao ginecologista logo na puberdade. “Os meninos crescem sem esse costume e quando adultos costumam ir somente quando suas companheiras insistem ou quando estão com sintomas insuportáveis. Com isso, ficam mais suscetíveis a uma série de doenças, inclusive ao câncer de próstata, o mais temível para o homem”, alerta.
Por isso, é fundamental que os homens visitem o médico já na puberdade, a partir de 14/15 anos. “Os meninos, assim como as meninas, possuem muitas dúvidas, principalmente em relação a sexualidade e sexo seguro. Dessa forma, eles podem desmistificar essa questão de que homem não gosta de ir ao médico”, ensina.
Diagnóstico precoce
Quando o assunto é câncer de próstata, um dos tumores mais preocupantes que afeta os homens, o diagnóstico precoce pode salvar vidas. A doença corresponde a 29% dos casos de câncer masculino, de acordo com Instituto Nacional do Câncer (INCA). Para este ano são esperados quase 66 mil novos casos da doença. No ano passado foram registradas 16.055 mortes no Brasil em consequência do tumor, o que corresponde a 44 mortes por dia.
Quando diagnosticado em estágios iniciais as chances de cura são superiores a 90%. No entanto, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 20% dos casos só são descobertos em estágios avançados, ou seja, quando o tratamento é mais difícil e as chances de cura também. Quando os sintomas começam a aparecer, 95% dos casos já estão em fase adiantada.
Os dados só reforçam a importância do diagnóstico precoce. Dr. Renato explica que a recomendação da SBU é que homens sem histórico familiar de câncer de próstata e não negros devem realizar o exame de PSA (Antígeno Prostático Específico) juntamente com o exame de toque após os 50 anos de idade. Já para quem é da raça negra ou tem histórico familiar, é importante que faça esses exames a partir dos 45 anos. O intervalo para um novo exame deve ser de um ano para ambas as faixas etárias. “Não adianta fazer só o PSA. Existem casos em que o PSA é baixo e mesmo assim o paciente desenvolve o câncer de próstata”, alerta.
Sintomas
O câncer de próstata não costuma apresentar sintomas em sua fase inicial. Somente o rastreamento vai detectar o tumor precocemente. Quando o estágio do tumor já está avançado, costuma atingir outros órgãos, como uretra, bexiga e vesículas seminais. Entre os principais sintomas estão sangramento e dor ao urinar, dificuldade para iniciar e interromper a micção, vontade frequente de urinar, dor ao ejacular, presença de sangue no esperma, dor lombar e na bacia.
Com o avanço de novos tratamentos, os homens com o tumor de próstata estão vivendo por mais tempo e menos desconforto.
A cirurgia é indicada, normalmente, em casos localizados onde há chances de cura. “O receio do paciente pode existir, mas com informações claras temos conseguido reduzir esse medo inicial. Além da cirurgia, hoje existem tratamentos mais avançados e que conseguem ajudar pacientes a levarem uma vida normal”, conclui.