Ginecologista faz um alerta sobre os motivos para os resultados das últimas campanhas
Muito menor do que o esperado. Esse foi o resultado registrado pelo Programa Nacional de Imunização sobre a campanha de vacinação contra o HPV, uma infecção sexualmente transmissível (IST) que pode evoluir para cânceres bastante agressivos, como o de colo de útero. A baixa adesão à vacina leva o Ministério da Saúde a prever, para 2023, mais de 17 mil novos casos. Ainda de acordo com o Governo Federal, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres, ocupando o terceiro lugar nas causas de morte, quando comparados aos outros tipos. Em breve pesquisa na plataforma DataSUS, em 2022, 28% das meninas entre 9 e 14 anos receberam a vacina, enquanto que somente 20% dos meninos, entre 11 e 14 anos, foram imunizados.
Os especialistas alertam para essa baixa adesão e acreditam que a falta de informação sobre o imunizante é um dos fatores. Pesquisadores da Escola de Enfermagem da UFMG entrevistaram cerca de 159 mil estudantes brasileiros entre 13 e 17 anos, sobre o motivo para não terem recebido a vacina. “Não sabiam que tinha que tomar” foi a resposta de mais de 45% dos entrevistados.
A ginecologista e cooperada da Unimed-BH, Cristiana Fonseca Beaumord, alerta ainda para outro motivo para a baixa adesão: “Muitas famílias acreditam que, dando a vacina para os seus filhos adolescentes, estariam estimulando a um início precoce da vida sexual”, explica a médica. Na visão dela, esse motivo é uma inverdade e recheada de falsas informações. Ela reforça que, quando tomada no momento certo, a vacina tem uma resposta muito mais eficaz para a prevenção de ISTs e de cânceres adquiridos por esses vírus invasores. “a chance de evoluir para um câncer invasor é próxima de zero, se a vacina contra o HPV for tomada na faixa etária indicada”, afirma Cristina.
Ela afirma que, quando a campanha era feita com o apoio das escolas públicas, o resultado era mais favorável e que ainda é tímida a campanha nos veículos de grande circulação, levando a chancela do Ministério da Saúde. “Quando não damos visibilidade às informações verdadeiras sobre assuntos sérios, esse hiato é tomado pela desinformação”, conclui.
Sobre o HPV e o seu imunizante
De acordo com a ginecologista, o HPV (papiloma vírus humano) pode ser fator de risco para o aparecimento de tumores tanto em mulheres, quando em homens. É o vírus responsável pelo câncer de colo de útero e, também, pelos cânceres de vulva, vagina, alguns tipos que acometem o ânus, o reto, o pênis e a orofaringe.
O Programa Nacional de Imunização (PNI) inclui a vacina contra o HPV para meninos e meninas de 9 a 14 anos, de acordo com última atualização do Ministério da Saúde, em setembro de 2022. Além desses, pessoas até 45 anos que convivam com HIV/Aids, sejam transplantadas ou pacientes oncológicos podem tomar três doses do imunizante nos postos de saúde.
Para aqueles que não se encaixam nesses quesitos, o imunizante é encontrado em clínicas e laboratório particulares. A vacina é indicada para pessoas de até 45 anos, mesmo aquelas que já tiveram HPV.