Me fiz essa pergunta há alguns anos, confesso que não sei ao certo quando ela surgiu na minha vida, mas garanto que não passa de uma década. Sei do impacto imediato que ela causou na minha visão sobre mim mesmo, na minha relação com as pessoas em meu entorno, e na realidade de como eu de fato até aquele momento nunca tinha refletido sobre isso, por mais fundamental que seja.
A resposta nem sempre vem rápido, alguns dias é complicado olhar no espelho, mas vem sendo sempre a mesma com escalas variáveis de intensidade. Essa singela e profunda pergunta se tornou uma fiel julgadora dos meus atos, grande aliada nas mais difíceis decisões e essencial para a minha paz interior.
Hora ou outra em nossas vidas ouvimos a frase “Ame o próximo como a ti mesmo”. Sempre entendi essa famosa passagem bíblica como uma lição de empatia, para nos colocarmos no lugar do outro, ter compaixão com a sua dor e sinceridade no desejo de ajudar o próximo. Um belo dia a frase surgiu no meu caminho, mas a vi diferente, fixei no “como a ti mesmo” e o foco da minha interpretação mudou para o amor próprio, como eu poderia amar alguém se não fazia por mim mesmo.
Longe de mim aqui dizer que é fácil, temos uma capacidade incrível de auto sabotagem e só nós mesmos sabemos nossos piores pensamentos, desejos ressentidos, frustrações, falhas, angústias, sentimentos reprimidos, arrependimentos. O famoso “e se eu tivesse…”, sempre nos deparamos com a sensação de que não estamos onde gostaríamos de estar e conseguimos criar uma bela e grande lista de razões para nos culparmos por isso.
Os nossos defeitos sabemos de cór e salteado, uma convivência irritante, desanimadora, cheia de armadilhas e desafios. Travamos uma luta incessante para combatê-los, digna dos grandes filmes de ação do cinema, muitas vezes parecem que estão intrínsecos ao nosso ser e nada se pode fazer, mas é preciso lutar, mudar, evoluir, um passo de cada vez e sem medo de pedir ajuda.
Afinal a resposta precisa ser “sim”, então eu peço, por favor, lembre-se das qualidades que estão aí dentro, das alegrias, vitórias, das pessoas especiais que te estendem a mão, que apóiam e acreditam em você, das verdades, da sua sede por ser melhor a cada dia e não esqueça, faça por quem mais te ama nessa vida… você!
Termino com essa linda poesia de Bráulio Bessa.
Se ter
“Ir sozinho ao cinema
Visitar uma livraria
Uma cerveja no bar
Um café na padaria
Ter você para você mesmo
também é ter companhia.
Nem sempre estar sozinho é sinal de solidão.
Vez ou outra o mundo chama e a nossa resposta é não.
Por ter marcado um encontro com o próprio coração.”
Se faça essa pergunta hoje, amanhã e sempre, livre-se do que não te convém, do que te pesa, te suga e não coloque ninguém à cima de você. Quer ajuda? Contar a sua experiência? Falar o que achou? Deixe o seu comentário!
Escrito por Henrique Bossi