O varejo de proximidade é uma tendência no Brasil e o mercado de lojas de conveniência vem crescendo consistentemente em quantidade de unidades e em receita nos últimos anos. Um estudo realizado pela Nielsen e Zebra Technologies apontou que o número de lojas de conveniência cresceu 11,9% em 2020 se comparado a 2019, impulsionado, sobretudo, pela pandemia de Covid-19. Nesse segmento, a distribuidora de combustíveis ALE desenvolveu um novo conceito para a rede e inaugurou, no dia 1º de novembro, a primeira franquia A Esquina. Para os próximos cinco anos, a meta da companhia é abrir 150 novas lojas de conveniência no país.
O modelo de conveniência A Esquina conta com três tipos diferentes: Self Service (de 25m² a 35m²), Café (entre 60m² e 70m²) e Padaria, com áreas acima de 70m². A primeira loja da rede adota o formato Padaria de 90m2 e foi instalada no Posto ALE Marco Zero em Alphaville, na cidade de Santana de Parnaíba, em São Paulo.
Há também uma loja no modelo Café em construção em São José do Rio Preto, com inauguração prevista para dezembro. Na mesma cidade, será instalada uma loja no modelo Padaria no próximo ano. “Outras duas unidades estão em fase final de negociação em Curitiba e, em seguida, lançaremos um plano de roll out para 2022”, adianta o diretor de Marketing e Varejo da ALE, Diego Pires.
Navegação guiada
Entre os diferenciais das lojas A Esquina está o conceito de “navegação guiada”, em que o cliente percorre um trajeto sugerido (há uma entrada e uma saída), passando por “estações”. Entre elas, a área promocional, a área de “grab n´go” (“pegue e leve”), a área de destino (refrigeradores), o balcão de padaria e food service, a área de indulgências (produtos exclusivos, como nachos, pipocas prontas e biscoito de polvilho), o checkout e a área de consumo. Do lado de fora da loja, há uma vending machine que mantém a oferta dos principais produtos 24 horas por dia, mesmo se a loja completa não funcionar nesse período.
Segundo o executivo de Operações de Varejo da ALE, Frederico Amorim, o conceito facilita a localização das categorias de produtos e a lógica de compras. “Assim, a loja se apresenta como solução para diversas jornadas de consumo diferentes. Desde aquele consumidor que tem pressa até aquele que quer se sentar e fazer uma refeição substancial, com garfo e faca, como em uma cafeteria ou pâtisserie, por exemplo”, destaca. O modelo também inclui um painel “instagramável” com mensagem irreverente iluminada.
Para o varejista, o modelo representa excelentes ganhos, como a capacidade de direcionar a exposição dos produtos com melhor margem de contribuição. “Um dos grandes problemas operacionais nas lojas de conveniência tradicionais é o modelo de consumir primeiro e pagar depois. Muitas vezes, essa lógica é antiergonômica para o cliente. Nesses casos, ele tem que levar as embalagens e latas vazias até o caixa para pagar a conta depois do consumo, além de representar possíveis perdas de receita para o varejista. Em função do layout d’A Esquina, o cliente paga primeiro e consome depois, criando uma experiência de consumo mais agradável para o cliente e mais segura para o varejista.”
Food service
Um dos grandes destaques do novo modelo é o food service. Para isso, a ALE firmou parceria com grandes indústrias, a fim de levar uma experiência diferente aos clientes. No local, haverá uma linha de produtos de “indulgência”, que podem ser degustados na loja ou levados para comer no carro ou em casa. Além disso, haverá uma linha exclusiva de produtos de panificação, criadas pelo chef Rogério Shimura, eleito o melhor padeiro do mundo pela International Union of Bakers and Confectioners (UIBC).
“Entendemos que esses diferenciais vão destacar A Esquina da ‘paisagem pasteurizada’ que se tem no mercado de c-stores atualmente. Assim, em nossa loja, o cliente poderá experienciar uma schiacciata de calabresa acompanhada de um ‘drink de orange coffee’ (café gelado com suco de laranja), por exemplo”, destaca Frederico Amorim.
Investimentos
A taxa de franquia prevista é de R$ 15 mil e os royalties mensais vão de 3% a 5%, crescendo por percentual de faturamento das unidades e com um teto máximo de R$ 15 mil por mês (para lojas que faturem R$ 300 mil por mês ou mais), além de 1,5% de taxa de propaganda. Em todos os formatos, o varejista pode acrescentar à operação um carrinho de pista, que “leva a loja e os principais produtos” até os clientes dentro dos carros na pista de abastecimento.
Desconsiderando a obra civil, elencando os custos de mobiliário e equipamentos, uma loja Self Service tem um investimento aproximado de R$ 120 mil; a Café, de R$ 250 mil; e a Padaria, de R$ 350 mil. No entanto, tudo dependerá do tamanho exato da loja e da quantidade de equipamentos e móveis que cada projeto específico requer. O modelo Self Service tem uma margem média de 30%, ao passo que a Café e a Padaria podem chegar a 40% ou mais, com destaque para o food service.