Os números da violência contra a mulher em Minas Gerais são alarmantes. Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) mostram que a média de casos definidos como feminicídio em 2017 foi de 1,1 crime dessa natureza por dia no estado, totalizando 433 casos. Um aumento de 9% se comparado ao ano de 2016, quando foram registrados 397 casos.
Enquanto os índices não recuam, é nítida a valorização do termo empoderamento feminino. Cada vez mais, as mulheres aumentam sua participação social e sua voz, demonstrando estar cientes sobre a luta pelos seus direitos, como a igualdade entre os gêneros.
E elas estão lançando mão de todo tipo de mecanismo à disposição para se protegerem da violência, que vão desde recursos tecnológicos até o conhecimento de técnicas de defesa pessoal para evitar agressões e abusos.
Tecnologia como aliada
Hoje, a ajuda está disponível com um clique no celular. A JMMTech, empresa brasileira de tecnologia, lançou o aplicativo Musa, uma ferramenta digital que permite denunciar a pessoas próximas e até policiais uma ameaça ou agressão em tempo real.
Funciona assim: a mulher ou pessoa ameaçada baixa o aplicativo Musa (o nome é um acrônimo para “Mulher Salva”) e um conhecido – que pode ser um parente, amigo ou policial – baixa o aplicativo “Anjo da Guarda”. Ao perceber o perigo, a mulher acessa o Musa, que imediatamente envia um alerta com a localização para o ‘anjo da guarda’. O anjo da guarda, munido da localização exata de onde aconteceu a agressão, pode socorrer a pessoa agredida ou entrar em contato com a polícia.
Defesa pessoal
Outro mecanismo de defesa vem ganhando adeptas e utiliza o que há de mais valioso: o próprio corpo. Para se resguardar da violência, muitas mulheres tem recorrido ao Krav Maga, técnica de defesa pessoal israelense que ensina a identificar os pontos vulneráveis do agressor e usá-los a seu favor. Não importa quanto o agressor treine: olhos, orelhas, queixo, nariz, garganta, nuca, joelhos e genital são partes do corpo impossíveis de reforçar.
“Aprender técnicas de Krav Maga não resolve o problema da violência mas, a partir do momento em que a mulher se torna mais consciente e mais preparada para superar obstáculos físicos e mentais, ela muda totalmente a sua postura frente à vida e a um possível agressor”, destaca Beny Schinckler, instrutor-chefe da Federação Sul Americana de Krav Maga em Minas Gerais.
Mesmo contra agressores maiores e mais fortes, o Krav Maga ensina técnicas valiosas para preservar a própria vida em situações de violência. A arte de defesa pessoal é extremamente democrática e pode ser praticada por qualquer pessoa, independentemente de sexo, idade e condicionamento físico. “As mulheres precisam ter a consciência de que podem e devem se defender”, destaca Beny Schickler.
O Krav Maga surgiu na década de 1940, em Israel, em um contexto de guerras e violência extrema. A partir da necessidade de sobreviver ao horror, Imi Lichtenfeld criou técnicas de luta pela vida utilizando as únicas ferramentas que tinha no momento, o corpo e a mente. No pós-guerra, o Krav Maga se tornou a filosofia de defesa adotada pelo Tzahal, serviço militar israelense, polícia e serviço secreto. No Brasil, a arte chegou na década de 1990, trazida pelo único representante da modalidade na América do Sul à época, Mestre Kobi Lichtestein.