O termo campus remonta a contextos militares, políticos e religiosos. Apesar de suas múltiplas faces, porém, da Roma antiga – onde, no Campo Marzio, reuniam-se soldados e cidadãos – ao século XXI, o vocábulo mantém a “chama original”, ao servir de espaço vocacionado ao debate, à tolerância, ao acolhimento e à amizade. Em Belo Horizonte, tais foram os princípios a alimentar o sonho, republicano e científico, do campus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tema do 33º título da Coleção BH. A cidade de cada um, publicação da Conceito Editorial que marca os 15 anos da série dedicada aos bairros e lugares da cidade.
No livro Campus UFMG – a ser lançado no dia 11 de maio, entre 11h e 14h, na Livraria Ouvidor –, Heloisa Murgel Starling, professora titular-livre de História do Brasil na UFMG, reaviva, historiográfica e afetivamente, inúmeras histórias de dedicação, resistência e saber.
Afeto e resistência
Para além do uso de uma série de “modalidades reconstitutivas do passado”, a autora priorizou, no livro, o olhar e a experiência de quem, há décadas, ouve “causos” e colhe sentimentos relacionados ao cotidiano do campus Pampulha. “Trata-se de ambiente com o qual construí vasta intimidade. Por isso, os ângulos, o percurso e a narrativa foram orientados por minhas escolhas afetivas”, diz Heloisa Starling, que faz um passeio memorável pela história do Campus, desde a solenidade que marcou o início das obras de construção, em 3 de maio de 1946, aos dias incertos de hoje, nos quais ela identifica ameaças reais à universidade, ao jornalismo e às artes. “O que protege essas instituições”, lembra a autora, “é a nossa capacidade de mobilizar as pessoas em sua defesa”.
Não à-toa, os quatro capítulos de Campus UFMG iniciam-se com rememorações de histórias de resistência – dos ideais que levariam à reunião de diversas áreas do saber, sob forma de Universidade, naquele terreno “inóspito”, com “solo erodido” e “vegetação rala”, aos princípios ambientais expressos, por alunos e professores, na luta pela consolidação da Estação Ecológica como área de proteção permanente. Nos relatos do livro, destaca-se, ainda, tudo aquilo que a memória insiste em reerguer: a defesa da autonomia universitária; a salvaguarda à liberdade de pensamento; as decisões institucionais, reitorado a reitorado; os desafios do conhecimento; os traços da arquitetura; a simbologia dos monumentos; a poética das ruas.
Sobre a autora
Heloisa Starling nasceu em Belo Horizonte. É professora titular-livre de História do Brasil na UFMG e coordenadora do Projeto República: núcleo de pesquisa, documentação e memória da UFMG. Foi vice-reitora da UFMG (gestão 2006-2010). Entre seus livros mais recentes estão Brasil: uma biografia, com Lilia Schwarcz, (Companhia das Letras, 2015) e Ser republicano no Brasil Colônia: a história de uma tradição esquecida (Companhia das Letras, 2018).
Coleção BH. A cidade de cada um celebra 15 anos
Idealizada pelos jornalistas José Eduardo Gonçalves e Sílvia Rubião, a coleção chegou ao mercado em setembro de 2004, com o lançamento conjunto dos títulos Lagoinha, de Wander Piroli, Mercado Central, de Fernando Brant, e Estádio Independência, de Jairo Anatólio Lima. Iniciativa editorial rara, a série aborda lugares emblemáticos da capital mineira. Para José Eduardo, “a coleção é uma declaração de amor a Belo Horizonte, tendo como maior objetivo o resgate da memória coletiva da cidade”.
+6 presentes para sua mãe pelo Peixe Urbano
+Cartão Pré-Pago: Quais os benefícios?
Após os livros já citados, vieram os seguintes títulos: Rua da Bahia, de José Bento Teixeira de Salles, Fafich, de Clara Arreguy, Parque Municipal, de Ronaldo Guimarães, Praça Sete, de Angelo Oswaldo de Araújo Santos, Livraria Amadeu, de João Antonio de Paula, Sagrada Família, de Manoel Lobato, Pampulha, de Flávio Carsalade; Cine Pathé, de Celina Albano; Caiçara,de Jorge Fernando dos Santos; Carmo, de Alberto Villas e Lourdes, de Lucia Helena Monteiro Machado; Colégio Sacré Coeur de Marie, de Marilene Guzella Martins Lemos; Carlos Prates, de Humberto Pereira; Morro do Papagaio, de Márcia Cruz; Maletta, de Paulinho Assunção, Montanhez, de Márcio Rubens Prado; Santa Tereza, de Libério Neves; Serra, de Nereide Beirão; Padre Eustáquio, de Jeferson de Andrade; Centro, de Antonio Barreto; Mineirão, de Tião Martins; Colégio Estadual, de Renato Moraes; Santo Antônio, de Eliane Marta Teixeira Lopes; Viaduto Santa Tereza, de João Perdigão; Funcionários, de Maria do Carmo Brandão, Colégio Municipal, de José Alberto Barreto; Renascença, de Ana Elisa Ribeiro, e Anchieta, de Luís Márcio Vianna.
Informações
- A cidade de cada umlança o título Campus UFMG,de Heloisa Starling
Local: Livraria Ouvidor (Rua Fernandes Tourinho, 253 – Savassi)
Data: sábado, 11 de maio de 2019, de 11 às 14h
Preço: R$ 25,00