O compositor, pianista e regente finlandês Olli Mustonen retorna a Belo Horizonte para dividir o palco com a Filarmônica de Minas Gerais e mostrar seus múltiplos talentos. Ao piano, Mustonen executa um dos mais efusivos concertos de Mozart, o Concerto para piano nº 25 em Dó maior, K. 503. Do pódio, ele nos introduz a uma peça de seu conterrâneo Sibelius, a Tapiola, e às variações criadas por Hindemith sobre temas de Weber. Para abrir o programa, estreamos no Brasil uma obra desse talentosíssimo convidado, Velha igreja em PetäjävesiAs apresentações serão nos dias 28 e 29 de abril, às 20h30, na Sala Minas Gerais.

De acordo com Nota Técnica do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da Prefeitura de Belo Horizonte, publicada no site da PBH em 16/3/22, não é mais necessária a apresentação do comprovante de vacinação e de teste negativo para covid-19 para acesso à Sala Minas Gerais. O uso permanente de máscara segue obrigatório, e o Café da Sala estará aberto. Veja mais orientações no “Guia de Acesso à Sala”, no site da Orquestra: fil.mg/acessoasala.

 

Este projeto é apresentado pelo Ministério do Turismo, Governo de Minas Gerais e Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Realização: Instituto Cultural Filarmônica, Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de MG, Governo de Minas Gerais, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.

Olli Mustonen, regente convidado e piano

Seguindo os passos de mestres como Rachmaninov, Busoni e Enescu, o finlandês Olli Mustonen ocupa um espaço único no mundo sinfônico ao combinar diferentes papeis em seu trabalho: é, em igual e fascinante medida, regente, compositor e pianista. Durante seus 35 anos de carreira, já se apresentou com a algumas das mais importantes orquestras do mundo, como todas as de Londres, as filarmônicas de Berlim, Nova York e Los Angeles e a Sinfônica de Chicago. Como compositor, tem convicção de que cada apresentação deva ter o frescor da estreia, de modo que público e orquestra reconheçam o compositor como um organismo vivo. Em respeito ao ditado de Mahler, de que a tradição pode ser preguiçosa, Olli Mustonen em igual medida desconfia de apresentações que apenas buscam ser diferentes. Essa ideia permite que o maestro circule confortavelmente entre o repertório clássico e os novos autores. Recentemente, regeu a estreia de novos e importantes trabalhos à frente das filarmônicas de Tampere e de Helsinque a da Sinfônica de Melbourne. Ao mesmo tempo, como forte expoente da música de Prokofiev, Mustonen já tocou e gravou todos os concertos para piano do compositor russo ao lado da Orquestra Sinfônica da Rádio Finlandesa. Nascido em Helsinque, Olli Mustonen começou a estudar piano, cravo e composição com apenas cinco anos.

 

Repertório

 

Olli Mustonen (Vanda, Finlândia, 1967) e a obra Velha igreja em Petäjävesi (2007)

Na região central da Finlândia, no município de Petäjävesi, rodeada por lagos, florestas e paisagens agrícolas, está uma pequena igreja. Construída a partir de troncos de pinho entre 1763 e 1765 pelo mestre construtor Jaakko Leppänen, a igreja recebeu uma torre sineira em 1821, acrescentada pelo neto do mestre, Erkki Leppänen. Patrimônio da Humanidade da Unesco desde 1994, a construção combina influências dos estilos renascentista, barroco e gótico, bem como as técnicas tradicionais de construção em toras aplicadas pela população camponesa da Escandinávia. A cerca de trezentos quilômetros dali está Vantaa, cidade natal de Olli Mustonen, localizada na região metropolitana de Helsinki. Esta foi a distância percorrida pelo compositor para realizar uma visita ao monumento. Duzentos anos separam a construção da igreja e o nascimento do compositor. Ao longo dos cinco movimentos de Velha igreja em Petäjävesi, Mustonen realiza uma viagem no tempo: volta à Petäjävesi do século XVIII ou traz toda a sua história para o século XXI. O primeiro movimento retrata o espírito dos construtores, com suas “barbas de madeira voando para cá e para lá e o trovão dos martelos”. A cena é vivamente representada pelos ritmos cruzados entre cordas e madeiras, antes de se transferir para um movimento mais contemplativo. Um turbilhão de cores ilustra o terceiro movimento, um scherzo denominado Demônios. Um lamento da viola embala o quarto, antes dos ventos uivantes e a tempestade de neve serem trazidos pelo piccolo e as cordas.

Wolfgang Amadeus Mozart (Salzburgo, Áustria, 1756 – Viena, Áustria, 1791) e a obra Concerto para piano nº 25 em Dó maior, K. 503 (1786)

Quando, em meados de 1781, Mozart instalou-se em Viena para iniciar a vida de artista autônomo aos 25 anos, apresentações como virtuose em saraus aristocráticos e “academias” (concertos por subscrição, organizados pelo compositor) tornaram-se sua fonte de renda. A cronologia dos dezessete concertos para piano do período, parte importantíssima de sua produção e do repertório, fornece uma medida de seu sucesso em Viena. O Concerto em Dó maior, K. 503 encerra o período da celebridade do artista na capital austríaca. Nenhum outro concerto de Mozart depende tanto, em sua abertura, da intensidade e da expansão da massa orquestral. A seção de desenvolvimento culmina num cânon quádruplo em oito partes, que só encontra comparação em uma passagem do rondó final do Primeiro Concerto para Piano, em ré menor, de Johannes Brahms, de 1858. O Andante difere dos movimentos lentos mozartianos pelo recurso à forma sonata. O Allegretto final, em rondó-sonata, adapta o tema principal da Gavota da música de balé da ópera Idomeneo, de 1781. Como quase todos os seus finais de concerto, Mozart concebeu-o no espírito efusivo e conciliador de um fim de opera buffa: coloca-se no palco um elenco habilmente contrastado de personagens, e suas diferenças se dissolvem no convívio.

Jean Sibelius (Hämeenlinna, Finlândia, 1865 – Järvenpää, Finlândia, 1957) e a obra Tapiolaop. 112 (1926)

Marco musical do século XX e obra-prima de Jean Sibelius, o poema sinfônico Tapiola é o último suspiro orquestral do compositor, que ainda viveu trinta anos em silêncio. Composto em grande parte na Itália, foi escrito pouco depois da Sétima Sinfonia e pode ser considerado como o ponto alto de um período iniciado na Quinta Sinfonia, época em que Sibelius criou músicas que partem de elementos pequenos até se tornarem feitos extraordinários. Com um título que referencia Tapio, o deus das florestas no poema épico finlandês Kalevala, a peça, no entanto, não se restringe à evocação de personagem ou paisagem. “A minha inspiração para Tapiola veio inteiramente da natureza, ou ainda mais precisamente de algo inexprimível em palavras”, declarou ao seu secretário particular. Em Tapiola restitui-se a visão da natureza em igual valor à arte; exprime-se um mundo virgem, selvagem e natural, ausente de vida humana, que parece veicular a mensagem de solidão do mundo. Encomenda da Sociedade Sinfônica de Nova York, a peça foi concluída em 1926 e estreada em 26 de dezembro do mesmo ano pela mesma instituição, sob regência de Walter Damrosch.

Paul Hindemith (Hanau, Alemanha, 1895 – Frankfurt, Alemanha, 1963) e a obra metamorfose sinfônica sobre temas de Weber (1943)

Paul Hindemith foi um dos mais importantes compositores do século XX. Seu estilo, chamado de neoclássico, foi influenciado pelas técnicas contrapontísticas de J. S. Bach. Suas Metamorfoses Sinfônicas (1943) se originaram de um antigo projeto para um balé – não realizado – que consistia de uma suíte orquestral sobre temas de Carl Maria von Weber. Entretanto, ao contrário do sugerido pelo título, trata-se de variações sobre peças inteiras, e não apenas sobre temas melódicos. Hindemith criou uma música tipicamente pessoal, com novas partes acrescentadas em contraponto, harmonias enriquecidas, ajustes rítmicos e estruturais e toda uma orquestração diferente. Apesar disso, os traços gerais das peças de Weber podem ser reconhecidos sob as variações. Cada um dos quatro movimentos baseia-se em uma peça diferente, na maior parte duetos de pianos, com exceção do segundo movimento, que utiliza a Abertura de Turandot. A estreia da peça se deu em 1944, com Arthur Rodzinski à frente da Filarmônica de Nova York.

 

Programa

 

Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

 

Série Allegro

28 de abril – 20h30

Sala Minas Gerais

 

Série Vivace

29 de abril – 20h30

Sala Minas Gerais

 

Olli Mustonen, regente convidado e piano

MUSTONEN                  Velha igreja em Petäjävesi

MOZART                        Concerto para piano nº 25 em Dó maior, k. 503

SIBELIUS                        Tapiola, op. 112

HINDEMITH                  Metamorfose sinfônica sobre temas de Weber                    

INGRESSOS:

R$ 50 (Coro), R$ 50 (Terraço), R$ 50 (Mezanino), R$ 65 (Balcão Palco), R$ 86 (Balcão Lateral), R$ 113 (Plateia Central), R$ 146 (Balcão Principal) e R$ 167 (Camarote).

Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores.

Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.

Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br

 

Bilheteria da Sala Minas Gerais

Horário de funcionamento

Dias sem concerto:

3ª a 6ª — 12h a 20h

Sábado — 12h a 18h

Em dias de concerto, o horário da bilheteria é diferente:

— 12h a 22h — quando o concerto é durante a semana

— 12h a 20h — quando o concerto é no sábado

— 09h a 13h — quando o concerto é no domingo

Cartões e vale aceitos:

Cartões das bandeiras American Express, Elo, Hipercard, Mastercard e Visa.

Vale-cultura das bandeiras Ticket e Sodexo.

 

Sobre a Orquestra

A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais foi fundada em 2008 e tornou-se referência no Brasil e no mundo por sua excelência artística e vigorosa programação. Conduzida pelo seu Diretor Artístico e Regente Titular, Fabio Mechetti, a Orquestra é composta por 90 músicos de todas as partes do Brasil, Europa, Ásia e das Américas. O grupo recebeu numerosos menções e prêmios, entre eles o Grande Prêmio da Revista CONCERTO em 2020 e 2015, o Prêmio Carlos Gomes de Melhor Orquestra Brasileira em 2012 e o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA) em 2010 como o Melhor Grupo de Música Clássica do Ano. O CD Almeida Prado – obras para piano e orquestra, com Fabio Mechetti e Sonia Rubinsky, lançado em 2020 pelo selo internacional Naxos em parceria com o Itamaraty, foi indicado ao Grammy Latino 2020. A premiação dada pela Revista Concerto teve como tema “Reinvenção na Pandemia” e destacou as transmissões ao vivo de concertos realizadas pela Filarmônica em 2020, em sua Maratona Beethoven, e ações educacionais como a Academia Virtual.

Suas apresentações regulares acontecem na Sala Minas Gerais, em Belo Horizonte, em cinco séries de assinatura em que são interpretadas grandes obras do repertório sinfônico, com convidados de destaque no cenário da música orquestral. Tendo a aproximação com novos ouvintes como um de seus nortes artísticos, a Orquestra também traz à cidade uma sólida programação gratuita – são os Concertos para a Juventude, os Clássicos na Praça, os Concertos de Câmara e os concertos de encerramento do Festival Tinta Fresca e do Laboratório de Regência. Para as crianças e adolescentes, a Filarmônica dedica os Concertos Didáticos, em que mostra os primeiros passos para apreciar a música de concerto. Além disso, desde 2008, várias cidades receberam a Orquestra, de Norte a Sul, passando também pelas regiões Leste, Alto Paranaíba, Central e Triângulo.

A Orquestra possui 9 álbuns gravados, entre eles dois que integram o projeto Brasil em Concerto, do selo internacional Naxos junto ao Itamaraty, com obras dos compositores brasileiros Alberto Nepomuceno e Almeida Prado. O álbum de Almeida Prado, lançado em 2020, foi indicado ao Grammy Latino de melhor gravação de música erudita. A Sala Minas Gerais, sede da Orquestra, foi inaugurada em 2015, em Belo Horizonte, tornando-se referência pelo seu projeto arquitetônico e acústico e uma das principais salas de concertos da América Latina. A Filarmônica de Minas Gerais é uma das iniciativas culturais mais bem-sucedidas do país. Juntas, Sala Minas Gerais e Orquestra vêm transformando a capital mineira em polo da música sinfônica nacional e internacional, com reflexos positivos em outras áreas, como, por exemplo, turismo e relações de comércio internacional.

By Nimai Dasa

Nimai Dasa profissional formado em Comunicação Social e atua como jornalista a mais de 15 anos.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *