Com textos do ator Eduardo Moreira e ensaio do crítico Valmir Santos, “Grupo Galpão: tempos de viver e de contar” revela histórias e bastidores do Grupo, além de imagens de uma rica iconografia de espetáculos. Lançado em 2021, pela Edições Sesc SP, o livro terá lançamento presencial em Belo Horizonte, com a presença dos atores e atrizes, no dia 7 de julho, das 19h às 21h, no Café do Centro Cultural Unimed-BH Minas. O valor do livro é R$ 88.
A leitura leva ao público uma proposta que relaciona as artes dramáticas com a história pelo viés do “invisível”, das utopias e distopias da existência humana e do que “poderia ser”, de acordo com Eduardo Moreira. Foram estas as bases que mantiveram e ainda mantêm intactas a paixão pelo teatro e a motivação do coletivo de 40 anos desde a sua fundação oficial, em 1982, com os atores Teuda Bara, Wanda Fernandes e Antônio Edson, além do próprio organizador do livro. Dos corredores da Fafich (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG) às ruas e aos palcos, o Galpão ganhou forma a partir de um elenco que reuniu, espontaneamente e sem vínculos enquanto grupo, para um rígido curso com diretores alemães (do Freis Theater München, que vieram ao Brasil a convite do Instituto Goethe), o que lhes deu a primeira experiência enquanto coletivo e poderosa base na arte da interpretação. A consistência do grupo, entretanto, se deu por interesse próprio em dialogar com formas não acadêmicas – fato notável em suas memoráveis apresentações.
A organização linear do texto ajuda a relacionar a atividade do grupo com variados momentos da história contemporânea do Brasil. Essa linha do tempo também permite, com auxílio de um vasto acervo fotográfico e também de excertos da crítica especializada, a localização dos encontros marcantes do grupo com figuras centrais da produção cultural do país, entre eles Paulo José e Eduardo Coutinho.
Os relatos de Eduardo Moreira destacam peças icônicas e demonstram como se deram seus processos de concepção ou montagem. A encenação do grupo para Romeu e Julieta, sob a direção de Gabriel Villela, ganha detalhes de bastidores. Outro destaque está na narrativa sobre a primeira peça da trupe com direção de um de seus integrantes fixo – o próprio Eduardo Moreira –, Um Molière imaginário. Uma das atrações do livro está nos excertos de críticas e de artigos de jornais publicados à época de cada período de atuação do coletivo.
Entre passagens importantes da trajetória do Galpão e da própria arte dramática brasileira, um tópico que ultrapassa palcos e locais de encenação chama a atenção: a fundação do Galpão Cine Horto. O local, antigo cinema de bairro, virou um centro cultural especializado em teatro e comandado pela companhia desde 1998. A estrutura é referência nacional na formação de artistas e na oferta de oficinas e debates.
Ao final do livro ainda é possível checar as fichas técnicas de cada um dos espetáculos montados e fotos das equipes técnicas que dão suporte ao grupo.
“[sua relevância] (..) deve-se ao lugar crucial ocupado pelo grupo: entre a rua e o palco, entre o popular e o erudito, a tradição e a contemporaneidade, o universal e o regional brasileiro”