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Mais de 3,4 mil profissionais de saúde estão de licença dos hospitais de BH

    Hospitais lotados e profissionais de saúde desgastados. O reflexo da rotina insana de quem acolhe e cuida dos pacientes com a Covid-19 está sendo o adoecimento de médicos, enfermeiros, técnicos e outros. Somente em Belo Horizonte, mais de 3.452 servidores da saúde tiveram que ser afastados das funções devido à exaustão.

    O número, no entanto, pode ser ainda maior. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), o dado refere-se somente aos hospitais públicos no mês de dezembro, e não contabiliza as unidades da Baleia, Felício Rocho, Madre Teresa e Universitário Ciências Médicas – que não fizeram o consolidado.

    O afastamento dos profissionais ocorre no momento em que a capital e diversos outros municípios enfrentam uma segunda onda de contágio do novo coronavírus. Com menos profissionais aptos aos atendimentos, leitos estão sendo fechados.

    Somente médicos foram 401 que tiveram que se distanciar dos hospitais e centros de saúde. Além deles, 639 enfermeiros, 2.034 técnicos de enfermagem e 378 profissionais da área assistencial também foram afastados.

    Tudo isso sem contar com o contingente de férias que, em dezembro, foi de 3.767, o que faz elevar para 7.219 o número de profissionais longe dos hospitais e centros de saúde. A SMSA ainda não possui o levantamento de janeiro deste ano.

    “Com o aumento crescente de casos Covid e das internações em leitos de UTI, os hospitais da rede têm relatado exaustão dos profissionais de saúde após um ano de muito trabalho no combate à pandemia. Há também um aumento de licenças médicas e pedidos de férias que foram acumuladas ao longo do ano, o que tem ampliado a dificuldade de contratação imediata de profissionais de saúde no mercado para manutenção dos leitos necessários na cidade”, destaca a Secretária de Saúde.

    Desabafo

    “Estamos virando pacientes. Desde o início da pandemia, o ambiente tem sido muito negativo e os atendimentos desgastantes. Não é difícil saber o motivo desse adoecimento”, desabafou a médica mineira Denise Costa, de 35 anos.

    A generalista, que trabalha na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Parque São João, em Contagem, na Grande BH, relata que está esgotada com o grande número de atendimento – que triplicou – e o cenário estressante provocado pela pandemia.

    “São horas de atendimento desgastantes em um ambiente muito negativo. Está sendo até difícil consolar os pacientes. E sinto como se estivesse enxugando gelo, porque tem muita gente que não tem consciência. Olho nas redes sociais e vejo várias pessoas vivendo como se não tivéssemos em uma pandemia. Esse egoísmo tem nos adoecido”, lamentou.

    A médica relata que, somente na manhã desta segunda-feira (11), cerca de 80 pacientes procuraram a UBS para atendimento – antes da pandemia uma média de 30 pessoas iam até a unidade. “Os casos nunca foram tão altos e, mesmo assim, muitos não têm consciência da gravidade da situação”, disse.

    Denise trabalha na unidade com outras três médicas, mas a partir desta semana, terá que assumir as três equipes sozinhas. Uma das colegas está afastada por fazer parte do grupo de risco e outra vai entrar de férias.

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