O percentual de inadimplentes em Belo Horizonte seguiu a tendência de declínio apurada neste semestre e registrou uma nova queda, atingindo 32,6% em novembro. Esse foi o menor patamar alcançado pelo indicador nos últimos seis meses. O dado integra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Fecomércio MG, com base em dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O índice se refere ao número de famílias que possuem contas ou dívidas em atraso. “O recuo do indicador revela que mais pessoas estão conseguindo quitar débitos em atraso, que foram adquiridos, principalmente, com cartões de crédito, carnês, empréstimos pessoais e prestações de financiamentos de veículos e de imóveis”, explica o economista-chefe da Fecomércio MG, Guilherme Almeida.
A tendência de queda também foi observada no nível de endividamento das famílias na capital mineira. Em novembro, o indicador registrou 68,8%, uma retração de 1,5 ponto percentual (p.p.) em relação ao mês anterior (70,3%). “Devido às incertezas causadas pela pandemia de Covid-19, muitos consumidores têm evitado adquirir compromissos financeiros, como uma de forma a aliviar o orçamento familiar e manter o pagamento das dívidas”, pondera Almeida.
De acordo com a pesquisa, o cartão de crédito (83,7%) continua sendo a principal modalidade de dívida contraída, cujo índice aumenta entre as famílias com mais de dez salários mínimos (93,2%). Em seguida, aparecem os carnês (12,7%), o financiamento de carro (10,2%), o financiamento imobiliário (9,9%), o cheque especial (7,9%), o crédito consignado (6,9%) e o crédito pessoal (5,8%).
O especialista alerta que o uso do cartão de crédito ainda é uma opção para mais de 80% da população. “A modalidade tem muitas vantagens, o problema surge quando ela é usada para as compras do mês ou para completar o orçamento. Essa atitude pode levar ao descontrole das finanças, uma vez que o cartão de crédito possui um dos maiores juros do mercado”, alerta o economista-chefe.
Já o percentual de consumidores que afirmaram não ter condições de quitar a dívida também apresentou uma nova queda, assumindo o valor de 15,2% em novembro. Em Belo Horizonte, o endividamento representa até 50% da renda familiar em 75,5% dos casos, sendo que esse percentual atinge mais da metade do orçamento mensal para 22,3% dos entrevistados. Em média, o tempo de comprometimento da renda é de sete meses.
A Peic retrata o comprometimento da renda familiar com financiamento de imóveis, carros, empréstimos, cartões de crédito, lojas e cheques pré-datados, bem como a capacidade de pagamento dos consumidores em Belo Horizonte. Para elaborar a pesquisa de novembro, foram entrevistadas mil famílias residentes na capital mineira. A margem de erro da Peic, realizada nos últimos dez dias de outubro, é de 3,5%, e o nível de confiança é de 95%.