“Um construtor de pontes entre os mundos”, assim o Papa emérito Bento XVI foi definido por seu biógrafo, o jornalista bávaro Peter Seewald. Neste sábado, 31 de dezembro, a Igreja Católica se despediu do papa emérito Bento XVI, que faleceu às 9h34, no Mosteiro Mater Ecclesiae, em Roma, aos 95 anos. Na última quarta-feira (28), o Papa Francisco havia pedido orações pelo papa emérito, pois seu estado de saúde havia se agravado.
Joseph Ratzinger nasceu no dia 16 de abril de 1927, em uma pequena vila na Baviera, região muito católica da Alemanha. Era filho de Maria e Joseph. Bento XVI nasceu em um sábado de Aleluia e foi batizado em um domingo de Páscoa. Ele tinha dois irmãos, Maria e Georg. Durante a sua infância, foi um grande aluno, era considerado entre os seus colegas de turma o primeiro da classe. “O jovem romanticamente talentoso e sonhador queria ver, sentir, admirar, comover-se”, afirma seu biógrafo sobre o jovem Ratzinger.
Desde muito jovem, Ratzinger já dizia: “um dia serei cardeal”. Com o irmão, Georg Ratzinger, Joseph entrou para um seminário católico. Em 29 de junho de 1951, foram ordenados sacerdotes pelo Arcebispo de Munique. A partir de 1952 iniciou a sua carreira como professor de Filosofia e Teologia, lecionando teologia dogmática e fundamental. Em 1953, obteve o doutorado em teologia e em 1969, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona.
Ratzinger foi nomeado arcebispo de Munique e Frisinga em 25 de março de 1977, pelo Papa São Paulo VI, e elevado a cardeal em 27 de junho do mesmo ano. Em 1981, foi nomeado prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé pelo Papa São João Paulo II, cargo que manteve até o falecimento do seu predecessor.
Em 2005, foi eleito papa e escolheu o nome de Bento XVI, substituindo São João Paulo II. Ele esteve no Brasil entre 9 e 13 de maio de 2007, onde deu início à Conferência Geral do CELAM, em Aparecida (SP). O Papa presidiu a cerimônia de canonização de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão no Campo de Marte, São Paulo e celebrou com centenas de jovens no Estádio do Pacaembu, na capital paulista. Em 11 de fevereiro de 2013, surpreendendo o mundo todo, anunciou sua renúncia. No Consistório realizado naquela data, o então Pontífice anunciou: “Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando”. Em 28 de fevereiro deste mesmo ano, passou a ser o Papa emérito, sendo sucedido pelo Papa Francisco, eleito em 13 de março.
Foi assim que o Papa Bento XVI viveu seus últimos anos de vida: em oração por toda Igreja e por seu sucessor, mas também seguiu produzindo. Deu início ao prêmio Joseph Ratzinger, semelhante a um prêmio Nobel de Teologia, e fundou uma instituição para apoio do jornalismo católico. Seu sucessor sempre destacou a sabedoria de Bento XVI e que o Papa emérito estava “sobre meus ombros e minhas costas com sua oração”, declarou o Santo Padre.
O Papa Bento XVI deixa-nos um legado imenso, com sua valiosa contribuição na área da Teologia, com importantes produções, mas também com todos os ensinamentos durante seu ministério petrino. “Não é preciso concordar com todos os seus posicionamentos. Contudo, indubitavelmente, pode-se dizer que Joseph Ratzinger é não apenas um importante estudioso, presumivelmente o maior dos teólogos que alguma vez sentou-se na cátedra de Pedro, mas também um mestre espiritual que convence por sua sinceridade e autenticidade”, afirma Peter Seewald no prefácio da obra Bento XVI – a vida.