O projeto “Sistemas agroflorestais em rede em Brumadinho”, criado pela Associação para a Recuperação e Conservação Ambiental (Arca Amaserra), implantou uma nova tecnologia de agricultura regenerativa na região da Serra da Calçada, no município de Brumadinho. A iniciativa é a primeira instalada em campos de altitude no Quadrilátero Ferrífero, a mais de 1.400m de altura, onde as pessoas acreditavam que a terra não produziria alimento orgânico.
Por meio do sistema agroflorestal, técnica de manejo da terra na qual se combinam espécies arbóreas (frutíferas ou madeireiras) com hortaliças, a associação conseguiu recuperar 120m² de terra e atendeu 24 famílias, fortalecendo a sustentabilidade socioeconômica e ambiental da região “Escolhemos essa área, pois estava degradada, cheia de capim meloso, uma gramínea invasora que já toma cerca de 30% do Parque Estadual da Serra do Rola Moça e é um combustível para o fogo”, explica a coordenadora da Arca Amaserra, Simone Bottrel. “A agrofloresta iniciada produz alimento orgânico, com cheiro bom e sabor que qualquer grande chef de cozinha sonha ter em seus pratos. É uma iniciativa que gera cuidado com as áreas do entorno e com a saúde ambiental”, celebra.
O projeto viabilizou, em 2020, a realização de cursos de capacitação práticos e teóricos em sistemas agroflorestais e beneficiamento de produtos. “É uma experiência além da agrofloresta que construímos e que possibilitou às pessoas aprenderem a usar os alimentos que iam sendo produzidos na agrofloresta e também como montar sua própria horta”, comenta. Ela conta que o projeto foi “abraçado” pela comunidade e o plano é envolver, cada vez mais, a população. “A área agora está cheia de alface, milho, banana, jiló, couve, repolho, brócolis, framboesa, temperos e muito mais. É de encher os olhos de emoção e a boca com essa profusão de sabores que tivemos a felicidade de compartilhar com alunos nos cursos”, complementa Simone. Ela explica que o projeto foi vencedor da edição 2019 do edital “Ideias para um Mundo Melhor” da Coca-Cola FEMSA Brasil e conta com apoio do condomínio Retiro das Pedras e dos alunos e professores do Novo Mundo de Yacarantã.
Segundo Simone, a perspectiva para 2021 é ampliar o projeto com mais cursos e novas áreas de agrofloresta. “Pretendemos continuar a plantar mais, ampliar esse projeto para todo o entorno e atender também mais comunidades, compartilhando, cada vez mais, esse conhecimento”, afirma. A coordenadora acredita que o modelo poderá ser replicado em outras cidades da região. “As agroflorestas em áreas degradadas estão aprovadíssimas e prontas para serem multiplicadas em Brumadinho, Nova Lima e região e, quem sabe, podemos até ousar experimentar o sistema dentro de minas de ferro exauridas”, avalia.