À partir do próximo dia 18 de maio, a cidade de Tiradentes, em Minas Gerais, abre as portas para a sétima edição da Mostra de Artes Cênicas Tiradentes em Cena. Durante oito dias, a charmosa cidade mineira terá suas ruas, praças e casarios ocupados pelas artes cênicas e à disposição do público. Espetáculos teatrais dos mais variados gêneros, música, dança, exposição, lançamentos de livro, oficinas, intercâmbios e rodas de conversas que irão estimular a reflexão do pensamento e entreter o público. Em 2019, a mostra elegeu a ALEGRIA como tema do evento e usará essa força que nos conecta e puxa para o momento presente como forma de resistência artística em tempos tão difíceis para a cultura. Alegria não é sinônimo de felicidade e tão pouco significado de superficialidade. É um momento de êxtase que une as pessoas, abre portas e gera empatia.
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– Montamos uma programação bem diversificada, rodeado de parcerias, com espetáculos de variados gêneros, além de conversas e outras atividades abertas ao público. Um festival se monta durante todo um ano, mas sem incentivos essa tarefa se torna ainda mais árdua. A produção cultural é importante para a cadeia produtiva, pois geram empregos, rendas, impostos, promove circulação de espetáculos, gera trocas. Por isso vamos resistir com alegria de alguma forma não deixar passar e a reafirmar a importância da cultura para uma nação. A cultura é alma de um povo, – desabafa a idealizadora da mostra.
Atriz e bailarina Dorothy Lenner é homenageada
Em 2019 o Tiradentes em Cena não precisou ir muito longe para encontrar uma importante figura do cenário artístico nacional para render sua homenagem e apresentar sua história ao público. Famoso destino turístico no país, a cidade de Tiradentes também se tornou um reduto de artistas que escolheram a cidade para viver. Foi assim para a atriz e bailarina polonesa Dorothy Lenner, que adotou a cidade após uma visita na década de 1980. Nascida em Bucareste, ainda criança precisou se refugiar em Buenos Aires após a invasão de Hitler em 1939. Usou seu conhecimento em dança adquirido ainda em terras hermanas, ingressou na Escola de Artes Dramáticas em São Paulo e participou ao lado de Ruth Escobar de montagens que marcaram toda uma geração durante a ditadura militar. Mas foi após uma viagem à índia onde conheceu a arte milenar do butô e desde então se dedicou a desenvolvê-la.
Durante todo o evento, o público poderá conhecer mais de sua história com a exposição “Dorothy Lenner – Memórias”, sob curadoria de Hideki Matsuka, que ficará aberta durante todo o evento no Centro Cultural SESIMINAS Tiradentes Yves Alves. A exposição terá uma exibição inédita do importante fotógrafo russo Serguei Maksimishin que se encantou e acompanhou Dorothy em Tiradentes por alguns dias, quando esteve aqui com uma exposição no Festival Arte Vertentes.
– É uma homenagem, mas é uma homenagem para a cidade, para o tiradentino, que eu amo, respeito e tenho muita admiração. Não tenho palavras para agradecer aos céus, Deus, os arcanjos, aos deuses do olimpo e tudo que está em volta da gente, porque tudo é vida. A vida é difícil, complicada, mas ela é bela e estamos vivos.
Os espetáculos que fazem parte da sétima edição
A programação da sétima edição da mostra vem recheada de espetáculos dos mais variados gêneros e apresentações em diferentes espaços que cercam a cidade. A praça principal da cidade abrigará espetáculos de Circo. A lona da Spasso Escola de Circo receberá o espetáculo “Anjos Nus”, da Cia. Levianos, de São Paulo. A luta pela liberdade da população afro-brasileira também será lembrada na peça “Mata Rasteira”, de Belo Horizonte, que será apresentada no Museu Padre Toledo. O intercâmbio com a UFSJ também promoverá uma apresentação de teatro e dança dentro da universidade, com o espetáculo “Levantes. Ações para estar sobre a Terra”.
O tradicional grupo Trama de Teatro traz de Contagem, BH, a peça “A gota que falta”, espetáculo que tematiza a escassez da água e busca uma reflexão crítica sobre a sociedade atual Quem assina a direção é Chico Pelúcio, ator e diretor de teatro reconhecido por seu trabalho no Grupo Galpão, do qual é integrante, além da sua atuação em cinema e televisão.
– “A montagem de “A Gota que Falta” com o Grupo Trama de Teatro tem vários e bons significados. Em um País onde a cultura sofre todo tipo de golpe e indiferença renovar um grupo com a idade do Trama é um ato de coragem e resistência. Foi com grande prazer e esperança que trabalhei com esses jovens atores”, diz Chico Pelúcio.
O ator Alexandre Lino retorna ao seu teatro documental para homenagear educadores e discutir a educação no país com a peça “Quadro Negro”, dirigida por Maria Maya.
A mostra encerra no dia 25 de maio, sábado, homenageando os 50 anos do movimento tropicalista. O grupo Teatro da Pedra conduzirá o público em um cortejo com a peça “Caetanear” até a apresentação da banda Sagrada Profana, formada por 16 mulheres e com um potente repertório que exalta ícones femininos.
A Mostra de Artes Cênicas Tiradentes em Cena conta com a parceria cultural do Sesc em Minas e SESI FIEMG, promoção cultural Jornal o Tempo, apoio IPHAN, Prefeitura Municipal de Tiradentes, Sobrado Cultural Aimorés, Museu da Liturgia, Associação Empresarial de Tiradentes (ASSET), Campus Cultural UFMG e Fundação Rodrigo Melo Franco de Andrade, empresários e amigos de Tiradentes. Uma rede afetiva que coloca a artes cênicas na cena.
Tiradentes em Cena
De 18 a 24 de maio