Tiques descontrolados, xingamento de pessoas desconhecidas e até o disparo de palavrões ‘cabeludos’ no meio da rua. Esses são alguns sintomas que podem acometer pessoas portadoras da síndrome de Tourette, uma doença neurológica que se manifesta com tiques motores e vocais, iniciados na infância. Os tiques são definidos como movimentos musculares súbitos, rápidos, repetitivos e não ritmados, podendo incluir sons e vocalizações. Apesar de involuntários, eles podem ser voluntariamente suprimidos por um curto período de tempo.

De acordo com o médico neurologista Henrique Freitas, que coordena a equipe de Neurologia Clínica do Hospital Mater Dei Santo Agostinho, em Belo Horizonte, o quadro, muitas vezes, é subdiagnosticado e estima-se que até 0,5% da população possa apresentar a síndrome de Tourette em algum momento da vida. “A prevalência é quatro vezes maior no sexo masculino. E o que chama a atenção na síndrome de Tourette é a exuberância dos tiques, com mudança de padrão ao longo da vida, com surgimento de diferentes tipos: movimentos de torção do pescoço, elevação do ombro, piscadas, movimentos com a perna e até mesmo atos mais complexos, como saltos inapropriados e posturas anormais”, explica Freitas.

Muitas vezes, os tiques podem ser tão extremos que podem provocar lesões, como na coluna cervical, por exemplo. Tiques vocais também podem estar presentes em algum momento do curso da doença e se apresentam como sons sem sentido, grunhidos, gritos, latidos, ou mesmo palavrões, xingamentos e falas repulsivas, com conteúdo escatológico ou sexual.

“Não é estabelecida a causa da doença, sendo levantadas hipóteses relacionadas à genética, exposição a agentes infecciosos ou outros eventos ambientais. Os sintomas podem aparecer entre os dois e 15 anos de vida, geralmente em torno dos seis anos, e com o pico de intensidade entre os 10 e os 12 anos. Saliento que não é incomum a presença de outros transtornos neuropsiquiátricos em portadores de síndrome de Tourette, notadamente o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e o transtorno obsessivo compulsivo (TOC)”, diz o neurologista.

O diagnóstico para detectar a síndrome de Tourette é clínico, não necessitando nenhum exame laboratorial ou de imagem. Os critérios diagnósticos incluem a presença dos tiques motores e vocais em algum grau. Os sintomas devem ser frequentes e terem se iniciado há pelo menos um ano, antes do paciente completar os 21 anos.

Segundo o médico, a síndrome tem um impacto social, muitas vezes, devastador e deve ser identificado para que seja realizada a abordagem adequada ao paciente e seus familiares. “Atualmente existem diversas terapias que podem aliviar os sintomas, incluindo medicações orais e terapias comportamentais. Existe uma tendência à melhora progressiva dos sintomas ao longo da vida, com 60% dos pacientes apresentando remissão completa ou apenas tiques discretos durante a vida adulta. No entanto, 23% deles mantêm sintomas mais graves, controlados, em parte, com as terapias”, acrescenta Henrique Freitas.

Sobre a Rede Mater Dei de Saúde 

Somos uma rede de saúde completa, com 42 anos de vida, tendo o paciente no centro de tudo e ancorada em três princípios: inteligência e humanização como pilares do atendimento; tecnologia como apoio da excelência; e solidez das governanças clínica e corporativa. Nossos serviços médico-hospitalares estão disponíveis para toda a família, em todas as fases da vida, com qualidade assistencial e profissionais altamente capacitados e especializados. Estamos em expansão, levando para mais pessoas o Jeito Mater Dei de Cuidar e de Acolher. Nossa premissa é valorizar a vida dos nossos pacientes em cada atendimento, disponibilizando o melhor que a medicina pode oferecer.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *