O espetáculo é inspirado em uma história real vivida pelos artistas, em 2015, quando um garotinho de apenas seis anos de idade, internado em um hospital de Belo Horizonte, planejou o seu “plano de fuga” com a ajuda dos doutores palhaços doutores Mulambo e Risoto. A montagem tem direção de Lenine Martins e comemora os 12 anos da dupla.

 

No ano de 2015, um menino, com apenas seis anos de idade, recebeu alta do Hospital das Clínicas de Belo Horizonte para seguir com o tratamento em casa. Mas o que “ninguém sabia” é que o garotinho havia combinado um “plano de fuga” que contou com a ajuda de dois palhaços que ele conhecera no hospital: Mulambo e Risoto. E tudo saiu como o planejando. Agora, essa história real – que na época ganhou repercussão na imprensa nacional – é inspiração para o espetáculo “Sirene!”, novo trabalho dos artistas palhaços Fernando Oliveira (Mulambo) e Francis Severino (Risoto), que faz estreia no Teatro Raul Belém Machado, nos dias 21 e 22 de setembro, sábado às 19h30 e domingo às 17h30. A entrada será gratuita e os ingressos já podem ser retirados no site Sympla (www.sympla.com.br) ou na bilheteria do teatro (duas horas antes das apresentações). A montagem voltará a ser apresentada nos dias 25, 26 e 27 de outubro, na Funarte. Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de 2020 – Modalidade Incentivo Fiscal, com patrocínio da MGS.

A estreia de “Sirene!” comemora os 12 anos dos palhaços Mulambo e Risoto e marca o primeiro espetáculo da dupla montado para o teatro. Nestes mais de 10 anos juntos como palhaços, já são mais de 1000 apresentações e intervenções nas ruas, praças, parques e comunidades de Belo Horizonte e Minas Gerais. “A nossa primeira formação foi em teatro, já figurados em diversos contextos do universo teatral, mas nessa caminhada de 12 anos, com a dupla Mulambo e Risoto, é a primeira vez que criamos um espetáculo com dramaturgia e direção para dentro de um teatro, para um palco. Estamos muito felizes e a expectativa é grande, porque o ‘Sirene!’ irá nos possibilitar vivenciar todas as experiências da caixa preta do teatro, mas também explorar a nossa experiência do relacionamento direto com o público”, diz Fernando Oliveira.

 

O plano de fuga

Fernando Oliveira lembra que ele e Francis Severino trabalhavam no Hospital das Clínicas de Belo Horizonte, levando alegria para os pacientes, como doutores palhaços pelo Instituto Hahaha. Foi quando eles, enquanto Mulambo e Risoto, conheceram um garotinho com apenas seis anos de idade, uma criança cega, mas que acompanhava a dupla com muita atenção e empolgação pelos leitos e corredores do HC. “Certo dia, ao fim do trabalho, ele nos acompanhou até a porta do elevador, e por instinto eu o perguntei: “vamos fugir daqui?”. E ele respondeu: “esse é meu sonho!”. A partir deste momento, todas as nossas intervenções no hospital, que eram duas vezes por semana, foram em torno deste imaginário. E com ele – o Matheus – criamos planos de fuga, simulamos e treinamos. Até que chegou o dia da alta e, junto com a mãe do garoto e todo o corpo clínico do hospital, simulamos a fuga, sem ele saber que na realidade estava recebendo alta. Para ele, realmente foi uma fuga. Foi muito gratificante poder realizar esse sonho do Matheus e de uma forma tão leve. Na época, não sabíamos o tamanho da repercussão dessa história, que chegou até a imprensa”, conta.  Hoje, com 15 anos, o Matheus – que segue em tratamento – ainda tem contato com os seus palhaços doutores, Mulambo e Risoto. Inclusive, ele fará uma pequena participação em “Sirene!”, por meio de um vídeo gravado especialmente para o espetáculo, com ele tocando saxofone.

Essa história é o ponto de partida para a criação do espetáculo “Sirene”, que tem texto de Fernando Oliveira e Francis Severino, sob a coordenação de João Filho, e direção de Lenine Martins. Agora, a trama se passa após a fuga, dando continuidade à imaginação da dupla de palhaços e da criança, que teve início em 2015. “Após ajudarem o garotinho a fugir do hospital, Mulambo e Risoto estão presos, proposta de brincadeira que surge da própria criança. “Agora que fugimos, do que vamos brincar?”, perguntam os palhaços. “Uai, vocês estão presos!”, responde a criança. A ideia é dar continuidade a história e homenagear essa criança, que tanto nos inspirou e nos ensinou. E a partir da nossa vivência, mostrar para o público o quanto o riso é importante em todas as situações da vida e o quanto a imaginação pode nos mover. Trabalhar cotidianamente em hospitais com a palhaçaria nos faz perceber como a arte é essencial em prol da vida, e esperamos poder levar essa nossa vivência para o espetáculo”, explica Francis Severino.

No campo da criação, o espetáculo traz o circo para o teatro. “Sirene!” bebe na fonte da palhaçaria e do circo, em um espetáculo teatral. Para isso, o processo de montagem contou com uma rica pesquisa em dramaturgia, por meio do mergulho na escrita. “A montagem tem início com uma pesquisa sobre a escrita dramatúrgica, algo mais comum no teatro, porém menos comum no circo. Essa etapa contou com a coordenação de João Filho), dando origem ao texto inicial. A partir daí, fomos para os ensaios e entra o trabalho da direção, momento em que a dramaturgia passa pelas alterações do Lenine Martins. Então, podemos dizer que a dramaturgia é assinada por Fernando Oliveira, Francis Severino, Lenine Martins, com coordenação e provocação de João Filho”, conta Fernando Oliveira.

O espetáculo também faz um mergulho fundo nas técnicas circenses, principalmente aéreas, e nas interseções entre circo, teatro e performance. “A proposta é fazer com as técnicas do teatro, do circo e principalmente da palhaçaria conversem e cheguem de forma potente ao público. E o Lenine Martins é um diretor com muita experiência em pesquisar essas interseções. Podemos dizer que ‘Sirene!’ é uma peça com momentos de cinema, onde o público assiste a algo que está em outra dimensão, e com momentos de rua, onde a plateia está completamente inserida na cena. Um espetáculo que fará as pessoas refletirem, interagirem e darem muitas risadas”, explica Francis Severino.

Mulambo e Risoto

Mulambo e Risoto formam uma dupla de palhaços que tem a rua e suas possibilidades como norte de pesquisa e criação. Moradores de Belo Horizonte, começaram a trabalhar juntos em 2012, buscando mergulhar numa metodologia onde a rua e seus transeuntes possam direcionar ética e esteticamente as suas criações de cenas, espetáculos, performances e intervenções.

Dessa forma, ao longo desses 12 anos, já foram mais de 1000 apresentações em praças e parques da cidade. Nos últimos anos a dupla vem ganhando destaque no cenário com a participação em diversos festivais importantes com destaque para o FIC-SP 2020 (Festival Internacional de Circo de São Paulo) e o Festival Mundial de Circo de Belo Horizonte em 2022. Mas sem perder a sua essência e missão que é a de circular por bairros e regiões periféricas. Nos últimos anos a dupla circulou com seus espetáculos por meio de diversos editais de fomento por todas as regiões de BH. Por meio do projeto “Palhaços sem Porteira” realizaram intervenções e oficinas em territórios de alta vulnerabilidade social da capital. O repertório da dupla ainda conta com os espetáculos “Mulambo e Risoto em Lá Ursa”; “Mulambo e Risoto em Busca do Amor”; “Circo Zebruk” e o “Curso Zebruk” que traz formação gratuita em palhaçaria para artistas que residem em territórios descentralizados.

Mulambo do Sertão é Fernando Oliveira. Possui formação em teatro (CEFART) e Restauração (UFMG). Em teatro e palhaço já atuou com os grupos: Mayombe, Andante, Luna Lunera, Armatrux, Maria Cutia e Terceira Margem. Atualmente integra o elenco do Instituto HAHAHA, onde está desde 2013, atuando em hospitais públicos da capital e interior. Dentro do Instituto além de atuar como palhaço, atua como diretor de espetáculos e foi o idealizador do projeto “Palhaços sem Porteira”, que leva a arte do palhaço até a casa dos mais distantes moradores do estado.

 

Risoto de Carne Moída é Francis Severino. Possui formação em teatro (CEFART), Arte Educação e História (PUC-Minas). Em teatro e palhaço já atuou com os grupos Cia do Chá, Cia Casca, Pequeno Mamute Capitão Amavel. Foi o diretor dos espetáculos: “Mudança”; “Robison” e “Mero”. Já integrou o elenco dos Doutores da Alegria e atualmente integra o elenco do Instituto HAHAHA, onde está desde a formação do grupo em 2013, atuando em hospitais públicos da capital e interior.

SERVIÇO

Espetáculo “SIRENE!”

Estreia: dias 21 e 22 de setembro, sábado às 19h30 e domingo às 17h30

Teatro Raul Belém Machado: Rua Leonil Prata snº – Alípio de Melo

Gratuito, mediante retirada de ingressos pela Sympla: https://bileto.sympla.com.br/event/97300/d/272842/s/1862418

ou na bilheteria do teatro (2 horas antes das apresentações)

Reapresentação: dias 25 e 26 de outubro, sexta e sábado, às 19:30,

e dia 27 de outubro, domingo, às 16:30

Funarte: Rua Januária, 68 – Centro

Gratuito, mediante retirada de ingressos (bilheteria ainda será aberta)

Instagram: @mulamboerisoto

By Redacao

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