Com a aproximação da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27), que será realizada entre 6 e 18 de novembro, em Sharm El-Sheik, no Egito, intensificam-se as discussões sobre a atuação do agro para a redução das emissões líquidas de Gases de Efeito Estufa (GEE) no meio ambiente. O setor agropecuário brasileiro, por meio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entregou posicionamento do setor aos negociadores brasileiros. De acordo com as contribuições do Sistema Faemg para o documento, o foco está na adaptação dos processos produtivos para a redução das emissões.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base na projeção da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), divulgado em junho, mostrou que o Brasil está entre os países que mais reduzem a emissão GEE durante os processos de produção agropecuária, desde o plantio até a colheita. O relatório analisou a posição do país em diferentes indicadores de sustentabilidade frente a sete grandes agroexportadores: Argentina, Canadá, China, França, Alemanha, Índia e Estados Unidos.
Com uso de sistemas, práticas, produtos e processos de produção sustentáveis (SPSABC), as tecnologias do ABC+, que compõem o Plano Setorial para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária, configuram a agropecuária tropical mais regenerativa do mundo, segundo o Ministério de Meio Ambiente. Aliado a um código florestal único no planeta, tem atraído olhares do mercado externo e da FAO, que imputa ao país grande parte da responsabilidade pela segurança alimentar mundial.
Para contribuir com esse cenário, o Sistema Faemg atua potencializando práticas sustentáveis nas diversas cadeias, aumentando a resiliência dos sistemas produtivos para a geração de emprego e renda no campo, agregando valor aos produtos e ampliando mercados para o produtor rural. Segundo a assessora de Sustentabilidade do Sistema Faemg, Ana Paula Mello, os produtores rurais mineiros têm investido em tecnologias, assistência técnica e gerencial, atuando cada vez mais no âmbito do Plano Setorial ABC.
“As metas da última década foram cumpridas e superadas e, nesta década, com ambição significativamente maior, a expectativa é de que o aumento do uso de SPSABC promova um salto produtivo na nossa agropecuária tropical sustentável, com todos os benefícios agregados que isso traz às famílias, à economia, ao clima e demais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável preconizados pela ONU, inclusive a paz”, explica.
De acordo com ela, a guerra russa causou uma reviravolta quanto ao tratamento dado pelos países temperados na questão da transição energética verde, inclusive na Europa, que vinha defendendo um futuro carbono neutro. “Está ocorrendo um retorno a combustíveis fósseis, em especial ao carvão, devido à dependência dos países frios ao insumo. Em contrapartida, o Brasil tem tudo para garantir segurança alimentar e energética de forma limpa e sustentável, e se mostra um importante player no âmbito das negociações da COP-27 no Egito”, acrescenta.
Iniciativas sustentáveis
Ainda de acordo com Ana Paula, o Brasil conta com biodiversidade, água, energia limpa e renovável, alimentos, fibras, biocombustíveis, serviços ecossistêmicos e uma agropecuária ímpar no mundo. Por isso, é preciso viabilizar a implantação do código florestal e a ampliação da adoção de sistemas resilientes via ABC+. A COP 27 pode ajudar a trazer definições a respeito do financiamento climático, dentro do princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas.
Entre as iniciativas sustentáveis implementadas pelo Sistema Faemg estão a assistência técnica e gerencial a milhares de produtores, pautando as ações em tecnologias e práticas para a conservação dos recursos naturais com intensificação de sistemas produtivos para geração de emprego, renda, alimentos, educação no campo e desenvolvimento regional. “Um exemplo é o FIP Paisagens Rurais, projeto de gestão integrada da paisagem no Bioma Cerrado que prevê a recuperação produtiva de 100 mil hectares de pastagens degradadas e de 7 mil hectares de áreas de preservação permanente e reservas legais, em 4 mil propriedades rurais no país”, diz Ana Paula.
Já o Programa Nosso Ambiente promove capacitação e educação ambiental, recuperação e preservação de biodiversidade, água e solo, saneamento e reuso de água. Foram recuperadas mais de 2 mil nascentes, mais de 3 mil produtores capacitados em práticas para recuperação de áreas degradadas e mais de 4 mil capacitados para atuar no combate a incêndios florestais.
“Com esses exemplos e a soma de diversos programas e esforços do Sistema Faemg, fica perceptível que a agropecuária mineira, e brasileira, já é moderna e sustentável, despontando no mundo como referência na adoção de práticas de agricultura e pecuária regenerativa do solo e de baixa emissão de carbono. Exemplos de boas práticas são a Integração Lavoura-Pecuária-Florestas (ILPF), o manejo florestal, a utilização de fontes de energia limpa, de bioinsumos e a economia circular”, conclui a especialista.