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Últimas semanas para visitar a exposição de fotografia e poesia, “Vila Rica”, do Coletivo Olho de Vidro

    Até o dia 25 de agosto, o Coletivo Olho de Vidro, formato pelo poeta Guilherme Mansur e pelos fotógrafos Alexandre Martins, Eduardo Tropia e Heber Bezerra, expõe “Vila Rica”, no Anexo do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto. O Coletivo Olho de Vidro se propõe, anualmente, a produzir uma exposição sob um tema específico, definido por Guilherme Mansur. O tema de 2019, “Vila Rica”, surgiu a partir do poema homônimo de Olavo Bilac. Este ano, o soneto – que fala das “cicatrizes” deixadas pela mineração – completa 100 anos.

    “Vila Rica” é a décima terceira exposição do Coletivo Olho de Vidro. O poeta Guilherme Mansur propõe o tema e cada fotógrafo busca desenvolver seu olhar sobre a proposta. Uma das marcas do Olho de Vidro é que os integrantes não sabem como os companheiros trabalham, até o dia da montagem. Assim, são quatro olhares diferentes e livres sobre o mesmo tema, compondo um mosaico único e harmônico. “O diálogo é curioso e o segredo contribui porque ninguém influencia o outro”, enfatiza Alexandre Martins.

    Para a exposição “Vila Rica”, Guilherme Mansur trabalhou o primeiro e o último verso do poema de Bilac, compondo uma cruz que ressalta a “triste Ouro Preto” evocada pelo poeta. O poema visual de Guilherme Mansur é composto por uma fonte tipográfica ampliada de máquina de escrever, usada na época de Bilac.

    Heber Bezerra buscou instrumentos do período da mineração, pertencentes ao acervo do Museu da Inconfidência, para fazer moldes e fotografar uma composição em minério, remetendo aos dias de sol e às noites solitárias dos trabalhadores escravizados nas minas de ouro da cidade.

    Eduardo Tropia trouxe, em fotografias em preto e branco produzidas na década de 1980, a rua da Fumaça, no bairro ouro-pretano do Padre Faria, que exibe marcas da mineração do ouro. É possível ver a decadência das construções, aliada à riqueza das relações humanas: crianças brincando, adultos sentados às portas das casas, a conversa, o relacionamento.

    Já Alexandre Martins apresenta um ensaio com imagens em preto e branco, feitas em filme. “Tentei fazer uma correspondência entre resquícios da mineração – minas, bocas de minas, construções em ruína – com elementos da arquitetura da cidade – portas, janelas, arcos”, explica. A composição das imagens enfatiza o que o ouro proporcionou à cidade e o que ele deixou marcado.

    A exposição “Vila Rica” pode ser visitada até o dia 25 de agosto de 2019, de terça a sexta, das 10h às 17h30; aos sábados, das 10h às 16h; e aos domingos, das 9h às 14h. O Anexo do Museu da Inconfidência fica na rua Vereador Antônio Pereira, 33 – Centro • Ouro Preto/MG.

    O poema e o poeta

    Olavo Bilac foi jornalista, contista, cronista e poeta. É considerado o principal poeta do Parnasianismo brasileiro. Em 1907, foi eleito pela revista Fon-Fon, o “príncipe dos poetas brasileiros”. Foi ainda fundador da Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira 15, com Gonçalves Dias como patrono. No soneto Vila Rica, Olavo Bilac trata das marcas da mineração em Ouro Preto.

    Vila Rica (Olavo Bilac)

    O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;
    Sangram, em laivos de ouro, as minas, que ambição
    Na torturada entranha abriu da terra nobre:
    E cada cicatriz brilha como um brasão.

    O ângelus plange ao longe em doloroso dobre,
    O último ouro do sol morre na cerração.
    E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
    O crepúsculo cai como uma extrema-unção.

    Agora, para além do cerro, o céu parece
    Feito de um ouro ancião que o tempo enegreceu…
    A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,

    Como uma procissão espectral que se move…
    Dobra o sino… Soluça um verso de Dirceu…
    Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove

    Serviço

    Exposição “Vila Rica”, do Coletivo Olho de Vidro

    Até 25 de agosto

    No Anexo do Museu da Inconfidência (rua Vereador Antônio Pereira, 33 – Centro • Ouro Preto/MG)

    Visitação de terça a sexta, das 10h às 17h30; aos sábados, das 10h às 16h; e aos domingos, das 9h às 14h

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