Retinopatia diabética pode evoluir de forma silenciosa por anos, levando a risco elevado de cegueira

O diagnóstico e o tratamento precoces são as principais armas para a prevenção da cegueira; O controle metabólico da glicemia também é fundamental para evitar o avanço da doença.

 Vista embaçada, com machas pretas flutuantes e perda progressiva da visão são sintomas que, muitas vezes, levam pacientes ainda em idade produtiva a se descobrirem diabéticos. Quando esses sintomas aparecem, a doença costuma já estar bastante avançada, uma vez que nos estágios iniciais ela pode não dar sinais e passar despercebida.

Considerado uma epidemia silenciosa, o diabetes atinge hoje cerca de 20 milhões de pessoas no Brasil e pode avançar sem apresentar sintomas. Um a cada três indivíduos não sabe que tem a doença, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF).

Os problemas na visão são hoje uma das principais complicações do diabetes mellitus, atingindo, em média, cerca de 40% dos pacientes com a doença, conforme dados da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Seu avanço está fortemente relacionado com o tempo em que se estabeleceu no organismo. Após 15 anos de diabetes, por exemplo, cerca de 10% das pessoas desenvolvem perda visual grave, e cerca de 2% se tornam cegas. Com 20 anos de doença, estima-se que mais de 75% dos pacientes tenham alguma forma de retinopatia diabética.

“É importante que o exame oftalmológico seja realizado logo que se faça o diagnóstico do diabetes. Não se deve esperar pelos sintomas para procurar o oftalmologista. O exame oftalmológico deve ser repetido anualmente e, em caso de se detectarem alterações, como hemorragias, extravasamentos, edema macular, essas alterações devem ser tratadas precocemente, para evitar as complicações tardias, que podem levar à cegueira, como a neovascularização e o descolamento tracional da retina”, destaca a oftalmologista Dra. Angela Maestrini, diretora técnica do Hospital de Oftalmologia Oculare.

“O descontrole da glicemia provoca uma série de reações no organismo, incluindo alterações nos pequenos vasos da retina, que podem causar hemorragias, microaneurismas ou a proliferação de novos vasos sanguíneos anormais”, complementa.

A médica explica que a retinopatia diabética afeta os vasos da retina, que é a estrutura do olho responsável pela formação e envio das imagens ao cérebro. Quando as lesões de retinopatia ocorrem na mácula (região central da retina) provocam um edema macular, que pode levar à cegueira, se não for diagnosticado e tratado precocemente.

Dentre as recomendações, a Dra. Angela destaca a importância do paciente buscar um estilo de vida mais saudável para controlar os níveis de glicemia no sangue, a fim de evitar a progressão da doença. Em casos mais avançados, porém, podem ser realizadas injeções intravítreas (dentro do olho), cirurgia de vitrectomia e procedimentos a laser.

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